Lugar de mulher é onde ela quiser – inclusive atrás do volante; TUDO sobre a chegada do Lady Driver a Cotia

O Lady Driver, aplicativo de carona exclusivo para motoristas e passageiras mulheres, chega à cidade de Cotia no início de 2022.

Criado para fomentar o empreendedorismo feminino e aumentar a segurança entre as passageiras mulheres, o aplicativo de corridas funciona com sucesso na capital paulista desde 2017. Visando expandir sua clientela, o Lady Driver começa a atuar em Cotia, na região metropolitana de SP, em janeiro do ano que vem.

Para entender um pouco mais sobre o funcionamento do aplicativo, a Revista TUDO conversou com Bruna Garcia, embaixadora do Lady Driver em Cotia e região, e esclareceu as dúvidas mais comuns.

“Eu gosto muito da proposta do Lady, que é: lugar de mulher é onde ela quiser! O grande propósito é fomentar o empreendedorismo feminino, essa empregabilidade feminina e a segurança, porque no aplicativo somente mulheres são motoristas e transportam apenas mulheres”, afirma a embaixadora.

Como foi o processo de trazer o Lady Driver para Cotia?

“É uma startup ainda, né? A empresa iniciou em 2017, operando somente em São Paulo, e faz mais ou menos 4 meses que estão expandindo para o resto do Brasil. Essa expansão é para alcançar cidades do país inteiro!”, explica Bruna sobre a história do Lady.

“Quando veio a proposta de ser embaixadora, eu não hesitei! Achei o projeto super interessante”, continua ela. “A embaixadora de cada região fica responsável pela parte de planejamento, captação de motoristas e campanha de marketing para poder iniciar as operações. A ideia é começar a operação no mês de janeiro!”

Bruna Garcia durante um evento do Lady Driver – foto: arquivo pessoal

Como o Lady Driver mantém a segurança das passageiras e da motorista?

“Primeiro, tem a parte do cadastro de motoristas”, começa Bruna. “Tem alguns requisitos que são indispensáveis para que as motoristas estejam alinhadas com a nossa proposta, que é a segurança. Também tem a parte de consulta criminal e todo um cuidado com o cadastro. E, quando falamos das passageiras, é a mesma coisa: somente mulheres podem ter cadastro no aplicativo”, explica ela.

É durante esse processo cadastral que a empresa evita golpes e esquemas fraudulentos, impedindo que a segurança das mulheres seja posta em risco – seja por homens intrusos na plataforma, seja por mulheres mal intencionadas.

“Como a gente garante essa segurança?”, pergunta Bruna. “Através de acompanhamento dessas motoristas. Assim como em outros aplicativos, as passageiras fazem avaliação da motorista, e a motorista também faz dos passageiros. Isso ajuda a gente à mensurar se o serviço está legal e dentro dos parâmetros exigidos pela empresa”, responde ela.

Homens podem entrar?

“Toda mulher que solicitar uma corrida no aplicativo e quiser trazer um homem junto só será possível se a motorista aceitar. Senão, ela pode cancelar”, frisa a embaixadora.

As motoristas do Lady Driver durante um evento de capacitação – foto: divulgação

Falando especificamente da região de Cotia, como o aplicativo pode melhorar a vida das mulheres?

“Primeiro, segurança em relação ao assédio. É uma forma da gente provocar dentro da cidade essa tranquilidade das mulheres irem e virem de maneira mais segura. E não só quanto a assédio, mas também a poder se vestir e agir como quiser”, explica ela.

“Tem muitas mães e pais que vão pedir aplicativo de carona para sua filha e têm medo! Então, vai ajudar bastante a ter segurança. Você sabe que é uma mulher devidamente treinada que vai pegar sua filha e levar aonde precisa! O sair à noite também vai melhorar bastante. Eu mesma conheço várias pessoas que não saem depois das dez da noite por medo de usar aplicativos… O Lady Driver vem para melhorar todos esses problemas!”

“Vai trazer mais liberdade para as mulheres, desde adolescentes até idosas, de se locomover o horário que elas quiserem, para onde elas quiserem.”

O pulo do Lady Driver

Vários aplicativos aumentaram muito suas taxas de corrida nos últimos tempos. Como funciona a cobrança das corridas e o repasse para as motoristas no Lady Driver?

“Com a inflação o preço do combustível aumentou muito, tanto para quem é motorista de aplicativo quanto para qualquer um que tem seu próprio veículo. […] A conta realmente não fecha. O Lady Driver é realmente diferenciado: ele não é mais barato que os outros aplicativos, mas as mulheres que buscam segurança com certeza vão optar por ele. O que vai fazer com que a demanda pelo Lady Driver acabe sendo maior para as motoristas”, explica ela.

Diferentemente de outros aplicativos, que repassam ao motorista somente o valor pago pela corrida (menos as taxas), o Lady Driver paga às mulheres também o valor de seu deslocamento até o cliente – ou seja, elas recebem não só o valor daquela corrida, mas o aplicativo também repassa uma certa quantia pela distância que elas percorrem até, de fato, apanhar a passageira – cobrindo, assim, o valor da gasolina gasta, evitando que corridas curtas sejam canceladas, o que tem sido muito comum entre vários aplicativos.

Além disso, a taxa retida pelo aplicativo é fixa para todas as corridas, assegurando melhor gerenciamento e clareza dos valores de repasse.

A expectativa das drivers

Moradora do bairro da Água Espraiada, região de Caucaia do Alto, em Cotia, Adriana Gonçalves Miranda, 46 anos tem cadastro em pelo menos três aplicativos de transporte de passageiros que atuam em Cotia e cidades da região.

Além de diversos calotes de passageiros que não quiseram pagar as corridas, Adriana passa o dia na rua dirigindo e transportando passageiros há dois anos. E relembra momentos difíceis que teve de enfrentar pelo simples fato de ser mulher. “A maioria dos homens não admite mulher motorista. Eles acham que isso é coisa para homem. Certa vez um passageiro cancelou cinco vezes uma corrida só porque era mulher”, contou.

Em uma outra situação, um passageiro tentou beija-la e abraça-la durante a viagem. “Um outro me seguiu até a minha casa, não sei como conseguiu meu endereço”, relatou Adriana que registrou um boletim de ocorrência contra o homem e o processo ainda tramita na justiça.

Agora, Adriana se cadastrou no aplicativo Lady Driver, exclusivo para mulheres e, com isso, além de trabalhar sem a preocupação de homens tentarem agarrá-la, terá mais independência, liberdade e segurança. “Será uma viagem mais tranquila, sem assédio, sem constrangimento, sem perseguição ou momentos desagradáveis com homens machistas que não respeitam nós mulheres”.

A motorista Adriana já uniformizada – foto: arquivo pessoal

Em meados de fevereiro, quando o mundo foi tomado pela pandemia da COVID-19, Miriam Soares de Sousa, 32 anos, deixava o estado de Goiás, onde trabalhava como porteira e foi morar no Jardim Araruama, região do Atalaia, Cotia. Sem conseguir trabalho e com um carro parado, seguiu a dica de amigos e começou a atuar nos aplicativos de mobilidade. E é mais uma vítima do machismo. “Parece que eles [os homens] não querem que a gente dirija e muitas vezes [eles] nem sabem dirigir”.

Ela é mais uma entre as mulheres que se veem em situações perigosas e constrangedoras ao exercer seu trabalho quando transporta homens. “Uma vez peguei um passageiro bêbado que ficou falando gracinhas, então, pedi para que ele se retirasse do carro”, relatou. “Muitas vezes passageiros homens ficam conversando sobre assuntos que não são legais pra gente ouvir”. A motorista diz ainda que muitas vezes se sente assustada e com medo pela forma que os homens olham para ela enquanto dirige.

“Não vejo a hora de o aplicativo Lady Driver começar a atuar em Cotia”, diz Miriam. “É diferente demais você saber que vai a um local para levar só mulheres, que não vai passar por algumas situações e ouvir certas conversas.  Além da questão do respeito, que é muito diferente, a gente se sente mais segura, mais à vontade, ainda vamos receber uma tarifa maior e taxa de deslocamento”, comemora Miriam, que já atua no App feminino em São Paulo. “Estou muito ansiosa”.

A própria Miriam durante um dia de trabalho – foto: arquivo pessoal

“As passageiras mulheres sempre elogiam muito. E ficam felizes por ter mulheres dirigindo”, comenta Ana Luiza Pires do Nascimento, 54 anos. Ela mora no Jardim Nomura, região central de Cotia e há três anos, devido a dificuldade em arrumar um trabalho fixo em sua área, financeira, começou a trabalhar de motorista de aplicativo.

Ao contrário de suas colegas, ela não relata problemas como assédio ou machismo durante suas viagens. “Alguns homens até elogiam, pois dizem que as mulheres são mais atenciosas. Já ouvi relato de passageiras reclamando que os homens dão mais atenção ao WhatsApp do que o caminho a ser percorrido”.

Ela também já fez o seu cadastro no Lady Driver para atuar em Cotia. “Acredito que mais do que nós motoristas, as passageiras estão muito mais na expectativa. Sendo apenas mulheres que usam o aplicativo, nós nos sentimos mais confiantes, assim como as passageiras vão se sentir mais confortáveis”.

Ana Luiza – foto: arquivo pessoal

Quem pode se candidatar?

Mulheres moradoras de Cotia, Vargem Grande Paulista e imediações, sem limite de idade.  É necessário ter Carteira de Habilitação categoria B com EAR (que permite exercer atividade remunerada), veículo com até 10 anos de fabricação, 4 portas, 5 lugares e ar-condicionado. Também será obrigada a apresentar certificado de registro e licenciamento do veículo.

Hoje, o Lady Driver já possui mais de 150 motoristas cadastradas, o que permite que sua inauguração aconteça em janeiro do ano que vem em Cotia. A TUDO já está ansiosa pela sua primeira corrida!

Foto: divulgação

Serviço

Lady Driver Cotia
Cadastro de motorista: Apenas mulheres
Baixe o aplicativo Lady Drive no Play Store: https://cutt.ly/nRh8E3d, preencha o cadastro com as informações solicitadas e aguarde o retorno da empresa.

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