Projeto Formigueiro quer combater a fome e desigualdade brasileira

Por Carolina Raciunas, Isabela Gama e Giulia Sampaio

Segundo levantamento da Forbes, o número de bilionários brasileiros aumentou 44% no último ano. Enquanto isso, o índice de insegurança alimentar cresceu e atinge 59% da população no país, como apontou o estudo ‘Efeitos da Pandemia na Alimentação e na Situação de Insegurança Alimentar no Brasil’.

Essa desigualdade entre os brasileiros aumentou e dificultou o acesso a elementos básicos para a sobrevivência, mesmo com a implantação do Auxílio Emergencial. Em vigência desde abril de 2020, a proposta inicial era oferecer R$600,00 durante três meses para os que se enquadrassem nas regras relacionadas ao nível de vulnerabilidade econômica. Com base em estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2020, 63% dos beneficiários destinaram o auxílio para comprar comida e 27,8% utilizaram da renda para pagar contas básicas e dívidas.

Em meio à alta da inflação, segundo o IBGE, o país fechou o segundo trimestre de 2021 com 14,1% da população economicamente ativa sem emprego. Já a parcela de famílias endividadas chegou a 72,9%.

Assim, sem reajuste do valor do salário mínimo de forma proporcional à inflação, o poder de compra do brasileiro diminuiu e a qualidade nutricional do prato caiu, aumentando os níveis de insegurança alimentar. Segundo o Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia, a frequência no consumo de carne caiu em 44% dos domicílios. Já as frutas e legumes foram reduzidas, respectivamente, em 41,8% e 36,8% para as famílias brasileiras.

Foto: arquivo pessoal

Com esse cenário da fome, mais do que nunca tornam-se indispensáveis ações que visam a distribuição de alimentos e refeições. O Projeto Formigueiro é uma dessas ONGs, trabalhando com moradores de rua. “As pessoas em situação de rua vivem um isolamento social forçado. Ninguém toca nelas. Ninguém fala com essas pessoas, não querem nem se aproximar”, aponta Alexandre Zanela, fundador do projeto.

São organizadas a entrega de marmitas todas as quintas-feiras (que começam na Barra Funda e seguem para outras regiões da cidade) e cafés da manhã aos domingos na praça Marechal Deodoro ou Princesa Isabel. Um dos princípios da ONG é a transformação tanto para quem é ajudado, quanto para quem ajuda. “Dentro dessa lógica, nós compramos os alimentos ou recebemos de doações e separamos para pessoas que cozinham nas suas próprias casas. A ideia é que a pessoa que está na rua ao abrir aquele marmitex já perceba o impacto de que alguma coisa foi feita com carinho, especialmente para ela”, explica Zanela.

Foto: arquivo pessoal

Olhar nos olhos, dar boa noite, interagir e se colocar em posição de igualdade são pedidos feitos aos voluntários, que devem ter interesse real pela situação. “A gente começa a se inteirar melhor de formas de enfrentar a vida que a gente não fazia ideia de que existiam. Começamos a ter uma percepção do quanto a força do ser humano é impressionante”.

Serviço

Projeto Formigueiro
É possível colaborar com o projeto através de doações de alimentos, roupas, cobertores ou dinheiro. Também é possível participar como voluntário nas ações, doando ou cozinhando.
Redes sociais: @projetoformigueiro
Contato: (11) 97863-9142

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