Cris Vianna é mulher que inspira

POR: ESTER JACOPETTI
INTRODUÇÃO: MARIANA MARÇAL
FOTO: ERNNACOST
STYLIST: RONALDO JOSÉ
MAKE: ALE DE SOUZA
CABELO: TCHAGO

Kelly Cristina dos Santos é o nome dela e foi aos 13 anos, após a morte do pai, que ela começou a cuidar das filhas de uma vizinha.

Hoje, aos 46, encanta com sua paixão pela arte e nos convida a conhecer a mulher por trás de suas personagens. Cris Vianna é musa com versatilidade e embarca coma cara e a coragem em uma nova aventura na telinha: a novela Família é Tudo. Na pele da vibrante Lulu Mancini, ela desbrava o universo da comédia pela primeira vez, colorindo nossos dias com gargalhadas e leveza. Em entrevista exclusiva à Revista Tudo, Cris nos convida a mergulhar em seu processo criativo, revelando a paixão que transborda em cada personagem que interpreta.

Em sua trajetória, ela deu vida a perfis marcantes, como Maíra em “Arcanjo Renegado” e Marisa em “Última Parada, 174”. Cada papel, uma oportunidade decrescimento, de aprendizado e de reconhecimento.

Cris Vianna é mais do que uma atriz. É uma voz que ecoa a luta porrepresentatividade e igualdade. Em suas palavras, encontramos a força paracombater o racismo e construir um futuro mais justo para todos.

Com a mente inquieta e o coração vibrante, Cris já traça novos planos. A terceira temporada de “Arcanjo Renegado” e o filme “Maldito Benefício” nos aguardam neste ano, prometendo novas emoções e reflexões. Cris Vianna é a prova viva de que a arte transforma, inspira e nos conecta. Uma artista que tece sonhos na televisão, colorindo nossas vidas com sua paixão e talento.

Eu acho necessária uma exigência do protagonismo negro em todas as esferas artísticas e narrativas.

Cris, você está iniciando um novo projeto, a novela Família é Tudo. Como é o seu processo criativo? Durante este processo, você procura seguir fielmente oque o autor escreveu para a personagem ou você gosta de dar opinião sobre como ela poderá ser interpretada?

Quando inicio esse processo de preparação para uma personagem, busco tentar entrar na sua essência para entender suas motivações; procuro referências. E no caso da Lulu foi um pouco disso. Além de fazer pesquisas para conhecer mais do universo dela, por ser um pouco diferente do meu, busquei ter uma troca com a equipe, com o diretor, autor, figurinista, gosto dessa participação mais ativa. Todos são muito abertos a sugestões, a caminhos que podemos traçar. Tem sido uma troca bacana nesse sentido; busco isso sempre nos meus trabalhos.

No caso da Lulu Mancini, quais são as características da personagem, e o que o público pode esperar?

O público pode esperar uma personagem divertida; a Lulu é muito solar! Ela criou afilha como uma princesa, fez todos os seus desejos. É uma mãe parceira da filha e as duas se admiram muito. Lulu é bonita, vaidosa, segura e conhecida por ter sido Miss Brasil. Essa é a minha primeira personagem com tom na comédia e isso tem me divertido muito. Então, acredito que o público vai se alegrar com ela.

Como modelo chegou a desfilar na Itália, Canadá, Austrália e Alemanha.

Como você vê a representação da mulher negra na indústria do entretenimento no Brasil? Quais mudanças você gostaria de ver acontecer para garantir uma representação mais diversificada e inclusiva?

Ainda vejo um país que precisa evoluir; temos um caminho percorrido, mas ainda vejo um Brasil preconceituoso. Eu acho necessária uma exigência do protagonismo negro em todas as esferas artísticas e narrativas. Acredito que já conquistamos, sim, espaço e notoriedade, mas ainda vejo uma seleção nesse sentido e sinto falta demais pessoas pretas em papéis de destaque, tanto na frente das câmeras quanto nos bastidores, em altos cargos.

Você é uma figura pública que também se posiciona sobre questões sociais e políticas. Como você vê o papel dos artistas na promoção de mudanças sociais e na conscientização sobre questões importantes?

Vejo como uma necessidade; temos visibilidade e, com isso, certa responsabilidade em trazer debates relevantes que nos façam evoluir e conquistar mais espaço e respeito. Tento fazer a minha parte; ao longo da minha carreira, busquei me posicionar e participar de trabalhos que tragam uma representatividade positiva. Quero me sentir realizada com isso também em breve.

Foram muitos os trabalhos que você realizou até aqui, mas, existe algum artista que você admira e gostaria de ter a oportunidade de contracenar?

Sim, vários. Eu já trabalhei em novelas que tiveram alguns, mas não contracenamos juntos. A Glória Pires é uma mulher e uma atriz que eu admiro e nunca trabalhei, Taís Araújo, Tony Ramos, Marcos Caruso, Selton Mello, Renata Sorrah. Olha só quantas conquistas ainda tenho pela frente (risos).

Cris, são quase 20 anos de carreira, e, ao longo desses anos, você desempenhou inúmeros personagens. Você tem um papel ou projeto que considera um marco em sua carreira? Se sim, o que o torna tão significativo para você?

Nossa, verdade! São 20 anos e quanta coisa já pude viver na minha profissão! Fica até difícil destacar um marco, sabe?! 

Tudo que vivi e fiz foi muito importante para conquistar a carreira que construí ao longo desses anos. Mas citando o mais recente, vou falar da personagem Maíra na série “Anjo Renegado”, da Globoplay. Ela é uma mulher forte, determinada e inflexível, chegando à presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Me inspirei em mulheres incríveis para interpretá-la, como a Michelle Obama. Foi um dos lindos presentes da minha carreira. Outro presente foi a Marisa do filme “Última Parada, 174”. Fiz um laboratório intenso, vivendo por quase 10dias em uma comunidade; fui em cultos evangélicos, me preparei bastante para esse papel.

Me despi daminha vaidade, deixei de fazer as unhas e sobrancelhas. Precisaram me envelhecer, deixando meu cabelo mais grisalho, mudei a postura. Tenho muito orgulho de ter participado desse projeto, ele me rendeu muito aprendizado, além do prêmio Contigo de Cinema como Melhor Atriz em 2009. E muitos outros, sou realmente muito grata a tudo!

Cris Vianna começou a carreira como modelo, aos 13 anos, e desfilou em países da
Europa, América e Oceania. De volta ao Brasil, investiu na carreira de atriz. Seu papel de
estreia foi em ‘America’, e depois emendou papéis em novelas como ‘Sinha Moça’, ‘Duas
Caras’, ‘Império’ e ‘A Dona do Jogo’. Musa do Carnaval, já foi rainha de bateria da Grande
Rio e da Imperatriz Leopoldinense

Além da atuação, sabemos que você tem outros talentos, como o canto e a dança. Como essas habilidades adicionais influenciam ou enriquecem o seu trabalho como atriz?

Como uma artista, ter outras habilidades me ajuda a desenvolver os personagens. A música é um exemplo. Ela sempre fez parte da minha vida através das aulas decanto e de alguns espetáculos musicais. A primeira coisa que fiz na minha carreira foi cantar em um grupo. E quando já estava me formando, fiz cinema e, só depois, novela. Muita gente já conhecia essa minha relação com a música através dos musicais.

Cris, levando em consideração todos os movimentos e as mudanças que tivemos até hoje, que ações e mudanças estruturais são necessárias para que, em 20 anos, o racismo seja algo residual e, em 30 anos, apenas uma lembrança histórica para as próximas gerações? Você acredita que estamos no caminho certo?

É muito doído viver o racismo, porém, hoje as pessoas estão cada dia mais corajosas para enfrentar o preconceito. As crianças já falam sobre isso. Infelizmente, já tivemos anos em que ninguém se manifestava por medo ou vergonha; isso ainda acontece. Às vezes você fala sobre o assunto e as pessoas acham que você está se vitimizando, que é uma bobagem, mas não é!

Acredito que as mudanças podem acontecer, mas precisam partir de dentro do ser humano. Para mim, não existe outra forma de combater o racismo que não seja por meio da educação. Não só as crianças que vêm por aí, nossos bebês, mas nossos adultos também precisam realmente, de maneira sincera, olhar para essa questão.

Mesmo estando envolvida com este novo trabalho na televisão, você tem projetos que irão acontecer ao longo deste ano? Algum trabalho no cinema, por exemplo?

Temos a previsão da terceira temporada de “Arcanjo Renegado”, que estou louca para ver (risos). Eu tenho um filme que rodamos no final do ano passado, produzido pelo Antônio Fagundes, “Maldito Benefício”. Esses projetos têm previsão para esse ano ainda. Aguardo com carinho.

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