Elba é a maior ilha da Toscana, com 222 km2, mas, curiosamente, não tem quase nada que lembre a Toscana. Não há tantas plantações de uvas ou produção de azeite, nem tons terrosos ou ciprestes emoldurando a paisagem. Num primeiro contato tudo é muito azul e o mar é limpo, calmo e cristalino.
Provavelmente você já ouviu falar da ilha nas aulas de História porque foi lá que Napoleão Bonaparte amargou seu primeiro exílio, em 1814, quando teve de abdicar do trono da França. Não sei se foi assim tão ruim como dizem os livros já que Elba, hoje com cerca de 30 mil habitantes, é um pequeno paraíso no mar Tirreno.
Meu marido Les e eu estivemos lá durante uma viagem de 30 dias pela Itália, cuja base era Montespertoli, um vilarejo a meia hora de Florença que facilitou as descobertas por toda a região. O acesso a Elba é muito simples, através do porto de Piombino Marittima, que fica a menos de 4 horas de carro de Montespertoli.
Duas companhias marítimas – a Moby, com barcos coloridos no melhor estilo da Disney, e a Toremar fazem a travessia de uma hora até Portoferraio, a capital. Usamos a Moby e gastamos U$290 para ida e volta com um veículo de tamanho médio.
A ilha é pequena e gasta-se em torno de 2 horas para fazer a volta completa. Se você não gosta de praias lotadas, do tipo Copacabana ou Guarujá, passe direto por Portoferraio e Marina do Campo. Siga na direção de Capoliveri, no lado leste, e hospede-se no Grand Hotel, que já foi da rede Best Western e está instalado num rochedo exatamente em frente a Porto Azurro.
Foi lá que conseguimos uma suíte espetacular debruçada sobre a baía, enfeitada por uma jardineira de azaleias e com a visão de uma fileira de iates balançando-se no azul do Tirreno. E o hotel ainda tem um elevador que leva os hóspedes para uma praia privativa, a apenas 100 metros. Os preços na baixa estação começam em U$180 com café da manhã para um casal ou U$230 com meia pensão, também para um casal.
Um conselho: evite os meses de julho e agosto, quando a população se multiplica por 10 e os preços chegam ao infinito. Outra dica: deixe o carro no hotel e faça como os italianos: alugue uma scooter a partir de 30 euros por dia ou 150 euros por uma semana (preços de baixa estação).
Porto Azurro, como o nome já diz, é uma baía pintada de azul onde os milionários atracam seus barcos nas andanças pelo Mediterrâneo e vizinhanças, cheia de bons restaurantes e lojas elegantes. Quando lá estivemos, almoçando no Ganzo Fish (Via a. Vitaliani, 6) e aproveitando os frutos do mar e a vista, o mega iate de Rod Stewart estava ancorado ao largo. Ele mesmo, ao lado da mulher, Penny Lancaster, desceram no pier para um shopping rápido.
Se você não puder gastar como ele (quem dera!), leve ao menos dois produtos locais de grande qualidade: a Acqua Dell’Elba, uma colônia produzida pela Manifattura Artigianale di Profumi, que vem num vidro azul-esverdeado evocando o mar (a partir de U$150); e os licores de laranja, limão siciliano ou mirta da marca Smania, todos sem colorantes, conservantes e de origem controlada (em torno U$24)
Elba oferece um cenário insólito, muito diferente da paisagem continental, com vegetação semitropical e altas montanhas. Sua história remonta aos antigos gregos, mas foi com a presença de Napoleão que ela atingiu um grande desenvolvimento. Homem de visão, o imperador construiu estradas, impulsionou a extração de granito e mármore, incentivou o cultivo das uvas e a exportação do vinho local e transformou em teatro uma antiga igreja, além de deixar duas residências que atualmente abrigam museus.
Ao sul de Elba encontram-se duas ilhas interessantes e igualmente bonitas. Uma é Pianosa, endereço de uma colônia penal desativada, conhecida como a “Alcatraz da Itália”, onde vários mafiosos acertaram suas contas com a lei. Outra é Montecristo, aquela mesmo imortalizada no romance de Alexandre Dumas.
Só uma informação: o conde nunca esteve lá. Foi tudo ficção. Hoje apenas raras gaivotas, cabras selvagens, serpentes e falcões-peregrinos costumam aparecer. Nas duas ilhas o acesso a turistas é restrito. Pianosa tem um serviço de férias semanal e Montecristo, área de proteção ambiental, exige uma autorização do Corpo Forestale em Follonica, no continente, para ser visitada.