A casa é o lugar onde gostamos de estar

Os últimos acontecimentos relacionados ao Planeta e à humanidade deixaram como legado diversas lições.

Muitas delas se referem ao lugar onde moramos e como queremos que seja: um espaço de bem-estar, de reconexão,de encontro com a família e o amigo, onde amamos estar.“O lugar onde eu gosto de estar é aquele onde me conecto com a minha ancestralidade, onde posso caminhar descalço, me aterrar e me libertar, despertando os sentidos”. Esta frase do arquiteto Alle Sales resume bem este desejo e necessidade de proporcionar uma experiência imersiva e sensorial nas nossas casas.

Isso se reflete também nas escolhas dos revestimentos, móveis, tecnologia, plantas e utilização dos espaços. Atitudes sustentáveis, o uso de energia limpa, a valorização de elementos naturais e artesanais fazem parte deste contexto.

Do outro lado do excesso de telas está a demanda cada vez mais inevitável por conexão no mundo real, relaxamento mental, sem estímulos digitais, e por experiências que marcam o tempo – e não apenas o preenchem. É nesse contexto que as marcas precisam ser fluentes em diferentes formatos, celebrar marcos para além das fases da vida, buscar uma estética que representa um grupo sem excluir outros e se permitir surpreender por onde os seus produtos podem chegar.

Não é mais sobre o mundo que deixaremos para as próximas gerações, mas sobre o local em que vivemos – e vendemos, consumimos, convivemos e ajudamos uns aos outros.

Questões urgentes como meio ambiente e saúde mental são as principais influências dos comportamentos e escolhas ligados ao universo do morar. Além disso, algumas estéticas retornam com tudo, a exemplo do maximalismo e a valorização das cores e padrões.

Tendências do morar

1. Eficiência energética: de acordo com o relatório Lar e Lifestyles 2025 da WGSN, se a crise climática ainda não convenceu as pessoas a tornarem suas casas eficientes, a alta do custo de vida e a escassez de combustíveis certamente vão fazer isso. Assim, devem surgir incentivos governamentais que estimulem o investimento em energia renovável, eletrodomésticos eficientes e termostatos inteligentes capazes de aquecer ou resfriar os ambientes de acordo com a temperatura exterior.

2. Tecnologia: hoje, os gadgets não só atendem às nossas necessidades, como se antecipam a elas. Segundo a pesquisa da WGSN, a tecnologia inteligente está cada vez mais proativa, seja por meio de sistemas de alarme capazes de distinguir os donos da casa de intrusos, recursos de jardinagem que monitoram o tempo e a locama água com mais eficiência ou colchões que identificam nossos padrões de sono para dar o melhor suporte ao corpo.

3. Casa híbrida e flexível: é inegável que o trabalho em casa não mudou apenas o modo como efetivamente trabalhamos, mas também como comemos e fazemos atividade física – cada vez mais em casa – e como estruturamos os nossos dias, já que com mais tempo livre, é possível se dedicar a hobbies e compromissos familiares. Por conta disso,a dinâmica nas casas mudou e deve continuar mudando, com o espaço do home office sendo cada vez mais elaborado. Segundo a WGSN haverá uma demanda maior por produtos e serviços capazes de ajudar as pessoas que estão em casa a focar mais, preparar refeições rapidamente, se manter em forma, ter boa aparência e alternar entre trabalho e lazer. Sobre o layout dos projetos, a casa com cômodos separados que sirvam para diversos propósitos estará em alta.

4. Conforto máximo: teremos cada vez mais linhas curvas, formas acolchoadas, superfícies táteis, cores que acalmam e materiais macios e respiráveis para móveis,roupas e aparelhos eletrônicos. Alinhados com o conforto emocional, itens retrô clássicos vão se manter em alta, atualizados por novas cores, materiais ou coleções e medição limitada. Veremos a criação de espaços mais tranquilos e serenos. Desde quartos que promovam uma boa noite de sono até banheiros que se tornam spas pessoais, ou seja, ambientes que favoreçam o descanso e a recuperação. Além disso, as áreas de meditação e relaxamento serão valorizadas, utilizando elementos como luz suave, cores calmantes e móveis confortáveis. Já a arquitetura biofílica, que se tornou um hit nos últimos anos, deve continuar sendo o caminho para muitos projetos, já que promove o bem-estar e nos reconecta com a natureza.

5. Banheiros em alta: em um gráfico de tendência da WGSN sobre a cultura do cuidado e o bem-estar na decoração de interiores, o banheiro ficou em primeiro lugar como o ambiente que se relaciona com o bem-estar, seguido pelo jardim, cama e cozinha.

6. Aposte nos sentidos: produtos e experiências que despertam os sentidos estão em alta, a exemplo de velas aromatizadas e slime. O design sensorial terá um papel ainda mais importante no desenvolvimento de novos produtos. A psicologia das cores também,já que as tonalidades serão escolhidas não só pelo visual, mas por como elas despertamos sentidos.

Silvia Celani é jornalista e mestre em comunicação especializada no segmento da habitação
Contato: (11) 98411-9575