A variante Delta do coronavírus, ou B.1.617.2, cientificamente falando, foi descoberta em outubro de 2020, na Índia. Ao menos 104 países já registram casos de infecção pela variante, que é mais transmissível que as outras, segundo levantamento da agência de saúde das Nações Unidas.
A variante de uma doença é o resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante sua replicação – quanto mais esse vírus circula, mais vezes ele se replica, e maior é a probabilidade de modificações em seu material genético. Por isso, um único vírus é capaz de ter inúmeras variantes – resultando em uma “constelação de variantes”, um dos maiores perigos que o mundo corre atualmente.
Quanto mais altas as taxas de infecções, maior o número de mutações.
Dentre as vacinas atualmente disponíveis, a Pfizer, Janssen e AstraZeneca oferecem alta proteção contra casos graves da nova variante – a Coronavac ainda não teve o resultado de seus testes de eficácia divulgados. Em Israel, por exemplo, a vacina da Pfizer manteve 93% de eficácia contra casos graves em infectados pela variante. Já na Inglaterra, a AstraZeneca demonstrou 92% de proteção. A da Janssen manteve a eficácia em testes de laboratório.
Essas vacinas, no entanto, não impedem que a variante Delta seja transmitida – e é esse o mais novo problema causado pela pandemia.
Como cada vez mais países se aproximam do “freedom day” (dia de liberdade, em tradução livre), em que medidas de restrição sanitárias deixam de ser obrigatórias a população, a tendência é que essa variante se espalhe em grau inédito e de maneira desenfreada – assim tornando as atuais vacinas ineficazes.
Nos EUA, 30 estados já dispensaram uso obrigatório de máscara, e o Reino Unido se prepara para fazer o mesmo em 19 de julho. Apesar da vacinação estar bem avançada em ambos os locais, é uma medida arriscada perante a variante.
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta segunda-feira (12) que a variante Delta do coronavírus será predominante no mundo todo “em breve”.
“A variante delta está agora em mais de 104 países e esperamos que em breve seja a cepa da Covid-19 dominante em circulação mundial”, disse o diretor em entrevista coletiva.
Ele ainda reforçou que, enquanto países ricos pensem em doses de reforço da vacina, países pobres seguem sem sequer proteger os profissionais de saúde da linha de frente.
Mike Ryan, diretor-executivo de emergências da OMS, reafirmou a importância de vacinar a população mais vulnerável:
“Os números são claros, são eles que estão morrendo desprotegidos”, assegurou ele.
Portanto, jogar fora as máscaras e regras para depender exclusivamente das vacinas, em um momento que a Delta dá sinais alarmantes de evolução e já infecta até parte dos imunizados, pode não ser a melhor das ideias.