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A Agência Nacional de Águas (ANA) classifica como crítico o volume de água na bacia do Rio Paraná. A agência tem um grupo técnico que monitora e auxilia a tomada de decisões sobre os recursos hídricos nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
De acordo com a Sabesp, o município de Cotia é abastecido pelos sistemas produtores Cotia e São Lourenço que, até quarta-feira (14), acumulavam respectivamente 68,6% e 67,5% de suas capacidades. A queda no nível das represas é normal nesta época do ano devido ao período de estiagem e baixo volume de chuvas.
Apesar de operar com menos de 50% de sua capacidade, a Sabesp afirma que os níveis são suficientes para passar pela estiagem, que dura até setembro.
“Não há risco de desabastecimento neste momento na Região Metropolitana de São Paulo” respondeu a Sabesp à reportagem do Site da Granja, mas reforçou a necessidade do uso consciente da água.
Para o professor Pedro Luiz Côrtes, do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, a crise hídrica na Bacia do Paraná aumenta a preocupação de que a região metropolitana de São Paulo enfrente uma crise hídrica semelhante a de 2014 e 2016.
Segundo ele, os reservatórios estão hoje com o nível mais baixo (cerca de 82% da capacidade) do que em 2013, ano antecessor à crise. Côrtes destaca, em entrevista ao Jornal da USP, que as previsões climáticas para o segundo semestre apontam situação desfavorável para a recarga dos mananciais na primavera e no verão. “Para chegarmos a um cenário de crise de abastecimento, desse cenário de crise hídrica, é um passo muito curto”, afirma o professor.
Segundo dados da própria Sabesp, até quarta-feira (14), todos os 7 mananciais que abastecem a região Metropolitana operavam abaixo da capacidade, sendo o mais crítico o Cantareira, com somente 43,2% de sua capacidade.+
Na região, ainda de acordo com a Companhia, o sistema produtor Cotia opera com 68,6% de seu volume operacional (14/07). Mas, sem chuva, a pluviometria é de 0,8 mm. A média histórica para o período é de 51,3 milímetros.
O Alto Cotia, localizado na Reserva Florestal do Morro Grande que integra a Represa Pedro Beicht e a Cachoeira da Graça, abastece não só o munícipio de Cotia, mas também parte de Embu das Artes e Itapecerica da Serra – o que somados totalizam 300 mil habitantes.
De acordo com a Sabesp, o município de Cotia é abastecido pelos sistemas produtores de Cotia e São Lourenço que nesta quarta-feira (14) acumulavam, respectivamente, 68,6% e 67,5% de suas capacidades.
“Importante destacar que a Região Metropolitana de São Paulo tem um Sistema Integrado composto pelos sistemas Cotia e São Lourenço e também por Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Rio Grande e Rio Claro. Essa integração permite transferências de água rotineiras entre regiões de acordo com a necessidade operacional, dando mais segurança ao abastecimento”, informa a companhia.
Até terça-feira (13), esse Sistema Integrado operava com 50,1% da capacidade, segundo dados da Sabesp. “Nível similar, por exemplo, aos 49,9% de 2018, quando não houve problemas no abastecimento”, ressalta ela.
Para o professor, essa situação demanda uma gestão mais intensiva por parte da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. “Ela não se posiciona a respeito do que pode acontecer em 2022 e, obviamente, isso causa uma dissonância na comunicação”, conclui o professor.