Camila Queiroz e sua capacidade de se reinventar

Desde que apareceu na televisão pela primeira vez em “Verdades Secretas” em 2015, oito anos se passaram e transformaram a ribeirão-pretana Camila Queiroz numa atriz desejada pelos grandes diretores da principal emissora do país. Embaixadora da ONU Mulheres, sendo referência na luta pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres, Camila se tornou uma atriz de sucesso, mas tudo foi construído com muito trabalho e dedicação. Muitos personagens foram interpretados com graça e a alegria da atriz.

Após especulações sobre sua relação com a emissora, ela deu a volta por cima e, hoje, recebe um presente: interpretar a doce  Maria Elisa Rubião, a Marê, em “Amor Perfeito”, novela que promete emocionar o público representando diferentes formas de amor.

A Revista TUDO bateu um papo com a Camila para falar sobre este novo projeto. “Estamos falando sobre uma jovem mulher que quebra todas as barreiras da sociedade, dos comportamentos da época, sendo muito fiel aos seus valores, a sua essência. É uma mulher à frente do seu tempo, disposta a viver um grande amor, resiliente com tudo o que vai acontecer na vida dela e não vai ser fácil. Ela não desiste, corre atrás do amor, corre atrás do filho. Vamos ver essa mulher amadurecer e vai ser muito bacana poder acompanhar isso”, conta ela.

O seu rosto se tornou conhecido no Brasil todo, mas também lá fora com as exportações das novelas. Você gosta de se ver em outras línguas?

Eu gosto de me ver de todos os jeitos, de ponta cabeça, de costas, de frente; eu até brinco porque eu adoro quando vamos começar um processo pra viver um novo personagem e sempre quero mudar um pouco.

Eu tenho muita ambição no meu trabalho, uma ambição boa de querer mais, fazer mais e me desafiar mais; me peçam mais porque eu quero me jogar. Graças a Deus me sinto muito privilegiada. Eu sempre falo isso porque não tenho nenhuma personagem parecida com a outra. Eu tenho sorte porque as pessoas olham pra mim e falam: ‘vamos dar esse personagem pra essa menina’?. Eu quero ser camaleônica, quero ser desafiada. Eu quero fazer um filme de ação, quero poder explorar tudo isso que tem dentro de mim. A gente toma muita pedrada, – faz parte, que pena que faz parte – porque só a gente sabe o quanto a gente rala, o quanto a gente estuda, se dedica, pra de repente ler uma coisa ou outra que dói. Eu sou muito responsável com o meu trabalho, até demais. Eu quero ser sempre excelente no que eu faço, não excelente no mercado, eu não quero ser a melhor, eu quero ser a melhor pra mim dentro das condições que eu tenho. Em 2017, quando eu fiz “Pega, Pega”, eu perdi o meu pai na primeira semana de gravação e, dali pra frente, o meu emocional acabou porque eu me vi numa situação extremamente vulnerável e frágil e tendo que lidar com uma reestruturação familiar, lidando com uma recente fama, ainda muito nova, porque eu tinha estreado em 2015, lidando com uma protagonista e um personagem completamente diferente, com um sotaque carioca, enfim, tudo muito novo pra mim.

Camila, você retorna com uma protagonista, a Marê, em “Amor Perfeito”. Como você define esse personagem na sua carreira?

A Marê é muito especial na minha vida porque além de ser uma personagem que nunca fiz nada parecido, é um grande desafio. Estamos falando sobre uma jovem mulher que quebra todas as barreiras da sociedade, dos comportamentos da época, sendo muito fiel aos seus valores, a sua essência e aquilo que ela acredita que seja correto. É uma mulher à frente do seu tempo, disposta a viver um grande amor, resiliente com tudo o que vai acontecer na vida dela e não vai ser fácil. Ela não desiste, corre atrás do amor, corre atrás do filho. Vamos ver essa mulher amadurecer e vai ser muito bacana poder acompanhar isso.

Você comentou que a Marê é diferente de todas as suas personagens. Você diria que ela não é parecida com a Mafalda de “Êta Mundo Bom” (2016)?

Zero! Inclusive no começo essa foi uma questão; como é uma novela mineira e eu tenho o meu sotaque de Ribeirão Preto, quando comecei fui pra aquele lado (…) e achei melhor conversar com os autores e direção para encontrar o sotaque dela. A Marê tem um sotaque muito leve do mineirês – a pedido dos autores aliviei bastante – pelo fato dela ser mais mundana, ter saído da cidade dela e ido pra São Paulo estudar. Em determinados momentos – como quando ela está com a babá dela – tem aquela conexão com a cidade natal; quando eu vou pra Ribeirão volto falando o meu “R lá nas alturas. Toda vez que ela se conecta com a sua cidade, se conecta com a sua essência, ela traz esse sotaque um pouco mais arrastado, mas, de modo geral, ela tem um sotaque mais leve pra trazer uma coisa nova. O R de BH é o que trouxemos pra ela.

Você comentou sobre conquistas. Essa personagem, Marê, é uma volta por cima? Como você considera este retorno como protagonista?

Estou aqui pra celebrar uma novela que fala sobre amor e tendo a honra de ser protagonista. É uma conquista, uma celebração e uma grande vitória. Eu tenho que celebrar as grandes conquistas, digo isso pra todo mundo, celebrem as conquistas porque cada um sabe o leão que mata por dia pra conseguir vencer. E estar aqui hoje era um sonho impossível. Eu estou muito feliz por estar realizando isso. Não preciso falar mais.

Você imaginava fazer uma novela histórica, que fala sobre amor?

Eu não imaginava. Eu já sabia da novela e da história porque o meu empresário estava conversando com a casa. Mas, neste ano, eu tinha muitos projetos, então, não tinha agenda. Quando o Júlio (Fisher – escritor) me ligou pra apresentar a personagem e me contou a história, eu nem titubeei: ‘que história linda, importante, necessária, que personagem é essa’?. Uma novela que fala sobre amor justo neste ano, nesta era, neste mundo de ódio, com tanta guerra e violência. E nós estamos trazendo uma novela de amor e multiplicidade e falando sobre diversas formas de amar. Rebolamos com a agenda e deu certo porque a vontade de fazer é grande e era um convite que eu não tinha como negar. Eu imaginava que estaríamos juntos novamente, mas não assim; estou muito feliz; tenho me dedicado integralmente como faço com todas as minhas personagens. Tenho sido muito feliz no set. O André Câmara (direção artística) é um diretor que eu nunca tinha trabalho; aliás, tinha que ser ele o diretor da nossa novela, ele tem um amor, um carinho, uma doçura pra conduzir as cenas, não tinha como ser outra pessoa.

Camila Queiroz saiu da Globo de forma conturbada em novembro de 2021, logo após se desentender com a emissora sobre seu contrato de trabalho — na época, vinculado à novela Verdades Secretas.

A personagem vive a maternidade de uma forma diferente porque a Marê é afastada do filho logo cedo. Como você construiu esse lado maternal na vida da sua personagem?

É uma gravidez inesperada, ainda mais nos anos 30; imagine só uma mulher engravidar de um homem que não é o seu marido e toda a condição que ela se encontra, o processo de descobrir a gravidez na cadeia, uma prisão injusta, e ela não tem uma pessoa de confiança ao seu lado. A Marê vai descobrindo a maternidade e o laço que ela cria com seu filho, até porque esse filho é roubado logo que ele nasce, então, é uma busca, tem esse cordão umbilical que nunca foi rompido. Essa é a maior força da personagem, buscar este filho 9 anos depois. Quando a Marê sai da cadeia, vai se descobrindo mãe e, a partir do momento que ela tem esse reencontro com ele, sente algo muito forte. Ela não sabe muito bem como lidar com essa maternidade, mas tem o instinto. A Marê sente algo inexplicável e incontestável que existe dentro dela, é uma força potente, ela precisa viver e sentir aquele amor.  Eu estou louca por esse reencontro com o Levi para que possamos ter essa troca e para que eu sinta e viva isso com ele também. Vai ser muito especial. A relação materna é múltipla, cada mãe vive a sua relação com o seu filho de uma forma, cada uma tem a sua história, e que bom que podemos falar sobre isso na novela e mostrar diferentes relações. Uma mãe que nos anos 30, 40, enfrenta uma sociedade, sendo mãe solo, descobre a sexualidade, uma outra mãe que fala sobre o amor do coração, que não é o amor biológico, mas que não é menor por causa disso.

Você comentou que ainda não gravou esse reencontro, mas como você acha que será essa conexão entre vocês?

O Levi é a estrela de tudo isso, é unanimidade, e o dia que você puder conhecê-lo pessoalmente vai entender. Como a gente tem se preparado pra isso? Nós tivemos alguns encontros antes das gravações com ele pra criar essa amizade; foi fundamental porque não podemos esquecer que o Levi é uma criança. Fomos nos apresentando, construindo esse laço de amizade, ganhando confiança e respeitando o tempo dele, também pra entender quem somos dentro e fora do set. Eu gravei uma única cena com o Levi até agora; foi lúdica e não exatamente uma cena. Foi muito divertido esse momento que eu tive com ele, porque ele está muito a fim de brincar, ele traz essa leveza, essa diversão, traz esse tom lúdico pra novela, ele me faz lembrar de quando eu era criança. Fiquei imaginando como seria com 9 anos estar dentro da Rede Globo e vivendo tudo isso. Essa é a segunda vez que eu faço uma mãe em novela e de criança, eu sempre fico me colocando no lugar deles, naquela atmosfera e tentando entender tudo aquilo, afinal, não sou mãe (apenas de pet). O Levi é um grande ator, ele dá um banho na gente. Esse reencontro vai ser o mais aguardado e esperado por todos, mas ele se dá de forma diferente do que está todo mundo esperando. O coração vai bater mais forte quando essa família estiver junta, porque vai além do que é físico; é uma energia, uma vibração, uma conexão que sentimos os três juntos na preparação. Essa família vai emocionar o Brasil com certeza. A primeira cena de Marê e Marcelino eu chorei lendo, eu falei: ‘não vou conseguir fazer isso aqui’, porque é de uma simplicidade, mas de uma profundidade que só os nossos atores são capazes de fazer. É, sem sombra de dúvidas, uma novela que vai emocionar.

A Marê se apaixona pelo jovem médico Orlando (Diogo Almeida). Como tem sido a interação entre vocês?

O nosso encontro foi uma surpresa, foi realmente se conhecendo, se ouvindo, se tocando. O processo foi muito rápido, importante e intenso. Cada dia subindo um degrau na nossa relação e seguimos fazendo isso. Estamos nos ajudando, somos parceiros, estamos muito a fim de contar essa história e apresentar esse casal. Estamos defendendo esse casal com toda a nossa força e o nosso amor.

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