O Dia Mundial do Livro, celebrado em 23 de abril, foi escolhido pela Unesco, em 1995, para marcar o incentivo à leitura. A data também é uma forma de rememorar grandes autores, por isso concentra aniversários de nascimento ou de morte de autores como William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Inca Garcilaso de la Vega e Vladimir Nabokov.
Trata-se de uma oportunidade para refletir sobre a literatura em sala de aula, ponto importante, pois o cenário de letramento na educação básica brasileira reforça a necessidade de atividades de incentivo à leitura nas escolas. Segundo dados divulgados da avaliação global Pirls (Estudo Internacional de Progresso em Leitura), a capacidade de alunos brasileiros do 4º ano do ensino fundamental realizarem leituras com plena compreensão do texto está abaixo do esperado.
Maria Carolina Araújo, diretora de ensino da rede Anglo Alante, relata que a leitura é a base da formação de sentimentos e do conhecimento de si e do mundo e, por isso, é preocupante que os dados sejam tão desanimadores. “No último Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Brasil obteve 410 pontos, média inferior à nota de outros países, inclusive da América do Sul”, cita a diretora. Ela também destaca que a performance dos estudantes brasileiros não foi diferente nos últimos anos.
Entre os adultos, o panorama também é desafiador. Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL) mostram que 84% dos brasileiros acima de 18 anos de idade não compraram livros no ano de 2023 e um dos principais fatores do afastamento da leitura, segundo os entrevistados, era a falta de tempo.
Incentivar crianças para construir um país de adultos leitores
Conforme o pensamento de Maria Carolina, é a partir do incentivo à leitura na primeira infância que se forma uma sociedade leitora. “Uma construção ao longo de muitos anos é o que possibilita a formação de uma sociedade de adultos que compreendem e consomem diferentes tipos de texto, seja em momentos acadêmicos, seja em momentos de lazer. Um adulto que não compreende o que lê não desenvolveu essa habilidade enquanto estava na educação básica”, diz a educadora.
Para que o processo de formação seja feito de maneira satisfatória, não basta eventualmente entregar livros às crianças, são necessárias estratégias por parte dos educadores. “Mesmo as crianças que não leem devem ser apresentadas a livros sensoriais, educativos, que instiguem a vontade de ler. Só então, por volta dos 7 anos, quando a alfabetização de fato se inicia, surgem as histórias que exigem leitura, ainda que com figuras, que costumam girar em torno de temas sobre comportamento e que trabalhem a relação causa e consequência”, relata Maria Carolina.
Para os adolescentes, o processo transcende os livros, pois mesmo a coletânea de textos para livros didáticos deve ser cuidadosamente pensada para envolver e desenvolver os jovens. “Isso forma, ao final da jornada acadêmica, um estudante capaz de entender desde textos expositivos até textos indutivos”, finaliza a diretora.