O exagero dos dentes perfeitos

A proporção áurea é uma medida descoberta pelos gregos para reproduzir figuras de medidas sempre parecidas, harmoniosas e agradáveis aos olhos. Isso pode ser encontrado em toda a natureza como, por exemplo, em uma fruta, nas árvores, nas estrelas, nos peixes, etc. É representada pela divisão de uma reta em dois segmentos (a e b), sendo que, quando a soma desses segmentos é dividida pela parte mais longa, o resultado obtido é de aproximadamente 1,61803398875, que é associado à harmonia estética. O número de ouro também foi reproduzido nas artes como na famosa Monalisa e na 5ª Sinfonia de Beethoven.

Esta mesma proporção também pode ser encontrada no corpo humano e no rosto, o que foi bem representado pelo gênio Leonardo da Vinci em sua famosa figura do Homem Vitruviano. Por exemplo: tome uma medida inicial como a distância entre os cantos dos seus olhos. Para saber se a face está agradável esteticamente, pegue o tamanho do nariz e divida por este número. Quanto mais próximo de 1,618, maior o equilíbrio estético. O mesmo pode ser aplicado para o tamanho das sobrancelhas, a distância entre o canto do olho e a maça do rosto, o lábio inferior, bem como como tamanho e formato dos dentes.

A evolução da Odontologia fez possível a utilização de resinas e, principalmente de porcelanas, na reconstrução estética de dentes anteriores. É possível confeccionar facetas de porcelana de até 0,2mm (daí o nome “lente”) extremamente resistentes, o que em tese, evita desgaste de uma estrutura tão preciosa como o dente. Hoje, é comum receber no consultório pacientes que querem lentes “brancas e grandes iguais ao do artista da televisão”. Ocorre que, cada um tem seu formato pessoal e particular de dentes e de rosto. Os “novos dentes” simplesmente não podem ser copiados da proporção de face do outro. Ademais, poucos pacientes sabem que a cor natural dos dentes não é branca. O que faz os dentes parecerem naturais é a diferença de cor, translucidez e as texturas não uniformes na sua superfície. Quando levamos em conta a posição dos dentes na arcada dentária, conseguimos perceber que até aqueles sorrisos perfeitos possuem algum “defeito”, ou seja, um dente menor, outro levemente girado, causando alguma leve assimetria, mas proporcionando perfeita harmonia.

Podemos sim proporcionar ao paciente um sorriso bonito e agradável, mas respeitando a individualidade de cada um, e sobretudo, com indicação responsável, pois nem todos os casos são adequados para lentes. Devemos nos lembrar sempre de que toda intervenção tem riscos e benefícios e que nos cabe pesar todos e, decidido por fazer, escolher a maneira melhor. A ciência odontológica evoluiu muito nos últimos anos trazendo excelentes materiais para a recuperação da função e estética como os implantes, as coroas livres de metal, os preenchedores de rugas e sulcos, mas tudo deve e pode ser usado com respeito às técnicas e à individualidade de cada um

Sobre Ricardo Raitz

O Profº Dr. Ricardo Raitz (CROSP 58714) é cirurgião-dentista, mestre e doutor em Odontologia pela USP; professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul e da Fundecto/USP; diretor da clínica Sorriso da Granja.

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