Com o aumento do número de casos de sarampo no Brasil, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) faz um alerta: entre 2019 e 2021, a cobertura de vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (Tríplice Viral D1) no estado de São Paulo caiu de 91,8% para 73,8%. Além da Tríplice Viral, a cobertura da vacinação contra poliomielite no estado caiu de 86,6%, em 2019, para 71,3%, em 2021.
No Brasil, no mesmo período, a cobertura vacinal da Tríplice Viral D1 caiu de 93,1% para 71,49%, e a cobertura da vacinação contra poliomielite caiu de 84,2% para 67,7%.
Embora já houvesse quedas nas coberturas vacinais de rotina antes da pandemia, a situação se agravou com a chegada dela. A interrupção de serviços essenciais de saúde e o medo das famílias de sair de casa e se contaminar com a COVID-19 deixaram inúmeras crianças sem acesso à imunização de rotina contra outras doenças.
“Na primeira infância, crianças recebem imunização contra, pelo menos, 17 doenças. O declínio nas taxas de vacinação coloca milhões de crianças e adolescentes em risco de doenças perigosas, e evitáveis”, explica Stephanie Amaral, oficial de Saúde do UNICEF no Brasil.
Quanto mais crianças não tiverem acesso às vacinas, mais fácil se torna a propagação de doenças. Bolsões de comunidades subimunizadas e não imunizadas podem levar a surtos em diferentes regiões do globo e à volta de doenças erradicadas em diversos países.
“No Brasil, a vacinação de rotina para crianças menores de 5 anos vinha sofrendo quedas desde 2015. E a pandemia certamente contribuiu ainda mais para o agravamento do problema. Para reverter esse cenário, é fundamental fortalecer os programas de imunização e os sistemas de saúde, e incentivar famílias a vacinar as crianças”, complementa Stephanie.
O UNICEF pede aos governos que fortaleçam ou restabeleçam urgentemente os programas de imunização de rotina, desenvolvam campanhas para aumentar a confiança nas vacinas e implementem planos para alcançar todas as crianças e todos os adolescentes e suas famílias com serviços de vacinação; especialmente aos mais vulneráveis que não têm acesso aos serviços de saúde, devido à sua localização geográfica, situação migratória ou identidade étnica.
Os dados brasileiros são do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, coletados até dia 5 de abril de 2022.