Uma das coisas que mais me emocionam e reforçam o amor que tenho na profissão é quando vejo a coragem de um aluno para mudança.
Porque é preciso ter coragem para mudar um padrão, um hábito. E mais difícil ainda que querer mudar, é permanecer mudado.
Conheço a Gi há mais de 15 anos, na época, ambas com vinte e poucos anos. Eu era professora de spinning e ela frequentava minhas aulas. Pouco tempo depois começei a dar aulas de musculação a ela de forma personalizada e, na época, emagreceu mais de 20kg. Foi uma vitória de ambas , afinal, profissionalmente, foi um marco para mim, pois estava começando na área.
Além do trabalho, construímos uma amizade que, mesmo a distância, se manteve.
Em 2014 ela e o marido se mudaram para Espanha e, aos poucos, ela voltou a engordar. Sempre mencionou que gostava muito de “junkfood” e da noite, consumia com
frequência bebidas alcoólicas e tinha uma vida super desregrada.
Lembro de visitá-la em 2017 e comentarmos o quanto estava difícil voltar a vida ativa e que havia recuperado os quilos perdidos, mas lembro também que sempre se mostrou grata e saudosista, como se quisesse aquela vida de volta.
Em 2022 a Gi voltou a morar na Granja; ela brinca que foi para estar perto de mim e ter bons hábitos. Brincadeiras a parte, de fato, ela recomeçou; estava pesando 108 kg e seu fígado apresentava um grau elevado de esteatose hepática; não era mais uma questão estética, afinal, com 38 anos, apresentava uma saúde fragilizada.
Lembro na primeira aula ouvir até de colegas o quanto era difícil dar aula para “obesos/ sedentários “ pois não conseguiam se disciplinar; minha resposta foi seca e direta: ela vai conseguir! Eu conheço a Gi!
E assim foi: de um em um, desconstruindo diariamente padrões, crenças e quilos. Ninguém ganha 30/40 kg de um dia para outro, sempre falo que a perda deles também não será assim, é um processo lento, duradouro e diário. Gi perdeu 36 kg, mudou radicalmente seus hábitos e seu guarda roupa também, rs.
Diminuiu demais o álcool, hoje quase não consegue beber e, para meu orgulho, começou a correr! Desacreditada, já que os médicos falavam que ela nunca conseguiria, pois sentia dor no quadril.
Duas coisas gosto de frisar nessa vitória: a primeira é o parceiro da Gi que sempre a motiva, sempre diz que ela pode, sempre fala em alto e bom som o quanto ela é dedicada. Eu adoro escrever isso, porque, infelizmente, muitos maridos se incomodam quando suas esposas querem alguma mudança e acabam as desencorajando, uma triste realidade que eu escuto com frequência.
E a segunda e fundamental: o querer mudar! Se você é sedentário, obeso, ou com algum problema de saúde, tente mudar, se ame e faça o bem para você! Bons hábitos o farão se surpreender sobre sua melhor versão. Pois uma vida equilibrada reflete no corpo, na mente e no espírito e, certamente, em todas as suas ações com você, com o próximo e com a vida.
Giselle Caldeira, 38 anos
WomenWithWings desde Novembro de 2023