Crônica: Voluntários natos sempre servem e se realizam no ajudar, mas, nos ajudarmos e realizar nossos sonhos também é enriquecedor

Todo mês, é sempre difícil escolher a atleta que irei escrever; penso e demoro muito, porque são tantas mulheres, tantas histórias… privilégio o meu, em estar rodeada de tantas histórias inspiradoras. Não sei se o esporte torna mulheres melhores ou as melhores mulheres fazem esporte, tipo o mistério de tostines.

Mariana é uma das mais novas da equipe e com uma bagagem de vida inspiradora. Aos 25 anos decidiu abrir uma ONG que oferece nutrição e educação humanizada por meio da pedagogia Waldorf para crianças na África. Sim, com orgulho posso dizer que esse tesouro corre na minha equipe.

Hoje, o HAI África, atende mais de 40 crianças, fora as 66 para as quais financia a educação em escolas primárias particulares, já que no Quênia não há educação gratuita.

Eu, normalmente, costumo brincar que se você precisa de ajuda de alguém, peça para quem não tem tempo. Geralmente, quem tem muitas horas vagas, procrastina muito mais, e, ao contrário de que muitos pensam, eu super incentivo um ciclo de uma maratona para uma mulher ocupada. Ela o fará da melhor maneira possível, acredite se quiser!

Pessoas ocupadas são determinadas, são eficientes, são enérgicas.

Mari cuida, além do HAI, de mais 2 ONGs; tem uma vida maluca, mas, se organizou para passar pelo ciclo de sua primeira maratona. Não é verdade que para ser corredor “de verdade” precisa fazer 42km. Correr qualquer distância já o faz um, mas, virar maratonista é algo que muda a vida de qualquer pessoa; é transformador!

Quando a Mari começou o ciclo, me disse que pela correria do dia a dia, talvez tivesse que fazer na esteira os treinos da semana e lembrei que, lá atrás, ela tinha pavor dos treinos indoors, o que me remete a outra frase que adoro: tudo na vida é questão de adaptação. Tudo é treinável: corpo, mente e até as quebras dessas “crenças limitantes”. Entrar para o ciclo de uma maratona é testar todos os limites inimagináveis e o vencedor ganha muito mais que medalhas, ganha de presente uma determinação para todos os outros aspectos da vida, por isso, sou apaixonada por essa distância.

Mari fez um dos ciclos mais leves que eu presenciei. Os quilômetros foram aumentando e seu sorriso também.

No dia que antecedeu a prova , lembro que pedi apenas uma coisa a ela: seja feliz!

Mas, ela foi além, não só se tornou maratonista, foi feliz. Relatou ter sido uma das conexões mais profundas com ela mesma  que  já teve na vida. Talvez porque pela primeira vez permitiu fazer algo por ela.  “voluntários natos“ sempre servem e se realizam no “ajudar”, mas, nos ajudarmos a realizar nossos sonhos podem e devem ser enriquecedores também.

Por que não?

Mari, sem dúvida, está no topo das grandes mulheres que eu já conheci na vida. Pelo Hai, obviamente, e pelo brilho no olhar quando ela fala de seus “babies” africanos, mas também, e principalmente, por querer aprender com suas experiências e senti-las da forma mais pura e vibrante que sua alma pode alcançar.

E se você quiser conhecer um pouco sobre a história do HAI, segue lá:

@onghaiafrica

Mariana Fischer, 35 anos, WomenWithWings desde 2015.

Ana Luiza Castro
Corredora há 20 anos e idealizadora da família
WomenWithWings
@analuizawww | @corrida.www

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