Na última quinta-feira (28), o consórcio EcoRodovias saiu vencedor do leilão do lote “Nova Raposo”, realizado na B3, em São Paulo. A concessão envolve a gestão de 92 quilômetros de rodovias estratégicas na região metropolitana da capital paulista por 30 anos, incluindo trechos das rodovias Raposo Tavares (SP-270), Castelo Branco (SP-280) e Estrada da Roselândia (SP-029).
Com um lance de R$ 2,19 bilhões, a EcoRodovias superou os concorrentes EPR 2, CCR e Via Appia. O valor mínimo para o leilão era de R$ 4,6 milhões, e o resultado representou um ágio impressionante de 47.000%. Essa nova conquista soma-se ao portfólio da EcoRodovias, que já administra importantes sistemas viários, como o Anchieta-Imigrantes e o Corredor Ayrton Senna-Carvalho Pinto.
Segundo Marcelo Guidotti, CEO da EcoRodovias, o projeto promete trazer benefícios significativos para a região. “É um ativo importante e queremos fazer a diferença. Estamos seguros dos nossos estudos e ansiosos para avançar com as melhorias”, destacou.
Plano de melhorias e infraestrutura
O plano de investimentos, estimado em R$ 8 bilhões ao longo das próximas três décadas, inclui obras significativas, como:
• Construção de 48,6 km de pistas marginais na Raposo Tavares;
• Expansão com 31,2 km de faixas adicionais na Raposo e 43,7 km na Castelo Branco;
• Implementação de pedágio eletrônico, com cinco novos pontos entre Cotia e São Paulo.
Essas medidas visam melhorar o fluxo de trânsito, garantir segurança e oferecer mais eficiência ao transporte na região.
Controvérsias e protestos
Apesar do otimismo dos gestores, o projeto enfrentou críticas intensas por parte do movimento “Nova Raposo, Não!”. Formado por engenheiros, moradores e comerciantes locais, o grupo apontou preocupações relacionadas ao impacto ambiental, aumento da poluição e falta de diálogo com a comunidade.
Uma pesquisa realizada pelo movimento revelou que 63% dos moradores não conheciam o projeto, e 77% daqueles que tinham ciência dele consideravam que os impactos seriam negativos. As principais críticas incluem:
• Redução de áreas verdes;
• Ausência de priorização do transporte público;
• Riscos de degradação ambiental em tempos de crise climática.
Para o professor Ernesto Maeda, integrante do movimento, o plano é um retrocesso. “Quando enfrentamos uma crise climática, o governo deveria buscar soluções sustentáveis, como transporte coletivo eficiente, em vez de incentivar mais automóveis e concreto”, declarou.
O governo estadual argumenta que 60% das contribuições recebidas durante os 30 dias de consulta pública foram incorporadas ao projeto, mas moradores alegam que as mudanças foram insuficientes.
Próximos passos
Enquanto a EcoRodovias se prepara para assumir a concessão, o governo anunciou a realização de novas audiências públicas para tratar do licenciamento ambiental das obras. Para especialistas como Ivan Maglio, membro do movimento, essas etapas deveriam ter sido realizadas antes da aprovação do projeto. “A falta de um EIA-RIMA detalhado antes da obra é uma violação dos procedimentos ambientais”, afirmou.
O movimento “Nova Raposo, Não!” promete continuar a mobilização em defesa de alternativas que priorizem o transporte coletivo, como metrôs ou VLTs (Veículos Leves sobre Trilhos), e reduzam os impactos ambientais e sociais previstos.
Com a concessão consolidada, os próximos anos serão decisivos para determinar os verdadeiros benefícios e desafios do projeto.