Introdução: Mariana Marçal
Entrevista: Michele Marreira
Aos 75 anos, afirmamos com todas as letras que Drauzio Varella é o médico mais popular do Brasil. Cientista, ateu e sendo alguém que lida com a vida (e com o fim dela) há quase 50 anos, nasceu no Brás, na região central da cidade de São Paulo e, aos 4 anos, perdeu a mãe de uma doença degenerativa. Criado pelo pai, foi o segundo colocado em medicina na USP, em 1962. Três anos depois, Drauzio fundaria com um amigo o Cursinho Objetivo, uma referência em ensino dos dias atuais.
Por anos atuou como professor; aliás, foi essa carreira que lhe proporcionou uma vida confortável para investir nos estudos; em 1985 começa a sua especialização na doença do século, a aids, e a sua longa caminhada na comunicação; foi nesta época que escreveu o seu primeiro artigo para o Estadão, falando desta terrível novidade que matava nossos jovens sem dó e nem piedade.
Drauzio é um dos maiores especialistas do país na doença que tinha como principal grupo de risco os homossexuais e usuários de drogas injetáveis; o médico alertava: “caia fora da seringa, cara. Não injeta na veia”, dizia um de seus textos naquele tempo.
Seu fascínio por cadeia – foi médico voluntário da Casa de Detenção de São Paulo, o superlotado complexo de pavilhões onde 111 presos foram mortos pela polícia em 1992 – marcou sua estreia no mundo literário lançando o livro ‘Estação Carandiru’, impresso em 1999, onde contou suas histórias como médico dos detentos. Por no mínimo 10 anos esteve no local, uma vez por semana, tratando os detentos soropositivos e descobriu seres-humanos incríveis entre os excluídos da sociedade.
Foi ele quem escreveu também a obra ‘Carcereiros’, que inspirou a série global que é um sucesso atual.
Há 18 anos, Drauzio estreou no elenco jornalístico do Fantástico e, até hoje, protagoniza suas séries próprias e com altos picos de audiência. Já falou de tudo o que podemos imaginar no que tange saúde pública.
Falou e falou bonito. Compartilhar informações na TV fez dele o médico mais popular do Brasil. Seu site, por exemplo, recebe mais de 3 milhões de visitas mensais. O médico virou Youtuber – um mundo virtual dominado por jovens – e hoje tem papel principal também nas redes sociais. Prova disso foi receber o Prêmio de Influenciadores Digitais, em 2016.
Cancerologista requisitado, Drauzio quase morreu em 2004 quando contraiu febre amarela durante uma pesquisa de campo na Amazônia. Dessa situação nasceu o livro ‘Médico Doente’ onde relata a sua quase morte.
Escapou e continuou, até hoje, num ritmo frenético de trabalho. O homem não para.
Marido, pai, avô, médico, apresentador. Drauzio constrói dia a dia não só uma carreira sólida, mas também um ser humano feliz que bebe da fonte da vida.
Dá-lhe Drauzio!
Por perder o irmão caçula aos 45 anos e ser dependente do tabaco por 19 anos, apresentou a série Brasil Sem Cigarros, no Fantástico. Um sucesso antitabagismo.
TUDO: O que pode ser considerado uma vida saudável?
Dr. Drauzio Varella: Há várias áreas dentro desse conceito. Primeiramente, como definimos saúde? Não é simplesmente a ausência de doenças. Implica no bem-estar que precisa ser físico, psicológico e social. Infelizmente, hoje, a convivência em público ficou cada vez mais difícil. Estamos mais isolados. Vivemos numa mobilidade urbana absurda. A vida moderna nos impõe um nível enorme de atividades.
O que as pessoas podem fazer para melhorar seus hábitos e chegar bem na velhice?
O que aumenta a longevidade? Restrição calórica. A obesidade reduz a expectativa de vida, provoca um fenômeno inflamatório crônico. No passado, imaginávamos que a gordura fosse uma reserva de energia. Sabemos que o tecido gorduroso é metabolicamente ativo. É a segunda maior glândula do organismo e só perde para a hipófise, que coordena as demais. A gordura libera estrogênio, progesterona, diversos hormônios que vão interferir no apetite. O açúcar é a tragédia do mundo moderno. Nunca encontrei lógica nessa guerra declarada às gorduras pelos serviços médicos gerais dos Estados Unidos; nos anos 50 e 60, isso se espalhou pelo mundo. Ao mesmo tempo em que foi cometido esse equívoco, a indústria do açúcar aproveitou o vácuo. No mundo inteiro corta-se a gordura, aumenta-se o consumo de carboidrato, todos aqueles que têm tendência genética à obesidade ganham peso e adquirimos esse problema de saúde pública no Brasil e em outros países. Quando saímos desses padrões aumentamos os riscos de doenças cardíacas, metabólicas como diabetes, entre outras.
Qual a importância da atividade física na vida do ser humano?
O corpo humano não foi criado para vivermos sentados o tempo todo. O cálculo que a OMS (Organização Mundial da Saúde) faz, é que o impacto da vida sedentária seja da mesma ordem de impacto do fumo na saúde de uma pessoa. Em média, o cigarro reduz em doze anos a vida do homem e dez da mulher. O segredo é não engordar muito e fazer exercício. O nosso corpo é a coisa mais importante que temos. Está esperando disposição para fazer exercício? Ela não virá. Mas é preciso encontrar algum momento do seu dia ou noite.
A saúde pública brasileira está preparada para um atendimento de qualidade?
Há um esforço para levar saúde a todos. Atender cinco pessoas é uma coisa; e quando são 30, num curto período? É bem diferente. Dessa maneira, o que virou atividade médica, chega ser muito brutal para quem a realiza. Muito deles se tornam pessoas desagradáveis, às vezes, agressivos com os pacientes. É uma questão complexa. Sabia que entre os médicos a taxa de suicídio é o dobro da população geral? E entre os anestesistas são cinco vezes mais. Estamos vivendo uma situação grave e complicada.
Seus quadros no dominical “Fantástico” são de extrema relevância a população. Até que ponto uma informação de qualidade contribui na vida do telespectador?
Quando a informação é precisa e compreensível a população adere. Informação pela televisão é um desafio enorme. Posso falar da minha experiência pessoal. Pessoas dos mais diferentes níveis assistem ao Fantástico no Brasil. Eu preciso falar com aqueles que não estudaram e não tem acesso à leitura; no país isso representa mais de 60% da população. Ao mesmo tempo, preciso fazer as pessoas que estudaram entender que não estamos realizando uma simplificação. É difícil encontrar esse equilíbrio, ninguém nasce sabendo, vamos acertando e errando. E quando trato de assuntos que não são da minha especialidade, estudo e converso com colegas que trabalham na área para que eu possa encontrar o foco.
De que forma define seu trabalho, ofício que salva muitas vidas?
A finalidade da nossa profissão é aliviar o sofrimento humano. Curamos um pequeno número de doenças em relação a todas que existem. Isso só pode ser feito com empatia. Nós tivemos uma massificação da medicina, não acho errado. Sou de uma época que poucos tinham acesso aos médicos. O Brasil é o único país do mundo que, com mais de cem milhões de habitantes, decidiu fornecer saúde gratuitamente. Um avanço. Muitas pessoas lembram-se do “médico de família”; eles passavam nas casas, tomavam um cafezinho, davam conselhos. Minha família não teve isso, eu não tive pediatra. Nasci no Brás e todas aquelas crianças encontravam-se na mesma situação. Hoje é diferente. Não estou dizendo que será um tratamento maravilhoso, mas ele existe.
Drauzio é maratonista há 20 anos.
Em 2016 ele recebeu o prêmio Influenciadores Digitais na categoria “Saúde e Fitness”, concorrendo com Gabriela Pugliese e o gigante, Léo Stronda.
Drauzio Varella (1943) é um médico cancerologista, pesquisador e escritor brasileiro conhecido pelas campanhas que fez contra o ta-bagismo e a AIDS.
É Neto de imigrantes espanhóis e portugueses.
Foi um dos fundadores do Curso Objetivo, onde ensinou química por muito tempo.
Um dos primeiros médicos a trabalhar, através dos meios de comunicação, em campanhas para a divulgação dos métodos de prevenção e do tratamento da AIDS. Foi pioneiro na pesquisa e tratamento do sarcoma de Kaposi, tipo de câncer geralmente desenvolvido a partir da AIDS.
Desenvolveu pesquisas sobre a disseminação do HIV entre a população carcerária da Casa de Detenção do Carandiru, onde também foi médico voluntário.
Dirige um projeto na Amazônia, na região do Baixo Rio Negro, para análise de plantas brasileiras, buscando obter extratos para testes experimentais em células tumorais malignas e bactérias resistentes a antibióticos.
Drauzio é casado com a atriz Regina Braga, mãe do galã Gabriel Braga Nunes, com quem está há quase 40 anos. Drauzio e Gabriel possuem uma relação de pai e filho.
É pai biológico da tradutora e editora Mariana, de 44 anos, e da médica Letícia, de 41.
É avô das pequenas Manoela e Helena.
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