Gordofobia: o corpo gordo sempre foi capaz

Por @todasasfridas

Assumir os contornos do corpo está cada vez mais em alta nas redes sociais. Páginas que discutem o tema – como a da Ellen Valias – dão visibilidade para pessoas gordas que praticam esportes sem qualquer tipo de incômodo ou imposição.

Ellen é preta, gorda, palestrante, cursa Educação Física e, diariamente, faz um alerta para a Gordofobia que se transveste de preocupação.

Diariamente, pessoas gordas saem de casa logo cedo e sabem que vão encontrar pela frente desafios de todos os tipos: transporte público, escritórios, restaurantes e outros ambientes que não estão preparados para acomodá-las.

Sob pretexto de uma preocupação com a saúde do outro, muitos se sentem no direito de opinar sobre o que é certo ou errado, impondo padrões de beleza injustificáveis.

O julgamento moral é mais um incômodo estético que, propriamente, está relacionado à prevenção de doenças. Muitas pessoas acreditam que o gordo é “culpado” por estar muito acima do peso ou menos virtuoso ou dedicado. A gordofobia é uma discriminação associada a adjetivos nada gentis, fundamentada na dificuldade de se adaptar com aquilo que se é diferente do padrão ideal imposto pela sociedade.

O mais preocupante é que a gordofobia está associada a sintomas depressivos, ansiedade, baixa autoestima, isolamento social, estresse e compulsão alimentar.

A jornalista e youtuber de 31 anos, Alexandra Gurgel, explica a diferença entre gordofobia e pressão estética. “A beleza tida como ideal sempre vai existir entre as mulheres, inclusive entre as mais magras. Já a gordofobia é uma questão social, de acessibilidade. Uma pessoa gorda não acha roupa com facilidade, não cabe nas cadeiras, não cabe em aviões, dentre outras situações vexatórias”, explicou durante uma entrevista.

Ellen é preta, gorda, palestrante, cursa Educação Física e, diariamente, faz um alerta para a Gordofobia que se transveste de preocupação.

A saúde da pessoa gorda

Tem como ser uma pessoa gorda e saudável ao mesmo tempo?

De acordo com o Dr. Geime Rozanski, psicólogo e terapeuta complementar, em resposta a uma pergunta no site Doctoralia, referência em medicina, “Tudo depende dos hábitos, tanto alimentares quanto de movimentação física. Toda pessoa deve sempre estar de olho nas taxas hormonais, pressão, estar em dia com as condições físicas. Por isso é importante os exames médicos e cuidados nutricionais. Comemos para viver e não vice-versa (não vivemos para comer!). Então, veja se a procura de alimentos não está em função de ansiedades porque daí sim, começa o transtorno. É importante também ficar de fora dos ditames sociais que valorizam uma medida e condenam ou julgam as demais como inadequadas”.

“Independente do meu problema de saúde, vão dizer que é porque eu tô gorda e preciso emagrecer” contou a jornalista e escritora Jéssica Balbino, que desenvolveu pavor de ir ao médico e que repudia a falta de acesso a tratamentos, em que pessoas gordas não cabem em uma maca, cadeira ou máquina de Raio X.

Magreza vs. saúde

Um magro sedentário pode possuir um risco cardiovascular maior que um gordo fisicamente ativo. Ser gorda não significa que a pessoa possui hábitos errados. Não é olhando para o físico de alguém que se pode afirmar se a pessoa é ou não saudável.
“Gordofobia” é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo.

Thais Carla, dançarina da cantora Anitta, começou a dançar com 4 anos, mas, por causa do seu peso, sempre ouviu que não alcançaria o nível profissional. As críticas não a desanimaram, pelo contrário: na adolescência, ela decidiu que não ia brigar com a forma natural do seu corpo e que também não deixaria isso impedi-la de fazer o que quisesse.

Fale com o seus filhos sobre clichês gordofóbicos

Nas crianças, o efeito é potencialmente pior devido ao bullying. Comparado a adolescentes magros, os que têm excesso de peso são significativamente mais propensos a passar por isolamento social e a desenvolver transtornos mentais, principalmente ansiedade e depressão.

E muitas vezes o preconceito vem de professores e familiares.

“Desde criança, aprendemos em casa com a família e depois nas escolas que o corpo belo e saudável, é o corpo magro. Infelizmente, o corpo gordo nas Instituições de Ensino seguem a Gordofobia estrutural e, portanto, repete a exclusão e estigmatiza a criança/adolescente/adulto gordo, causando fobias, medos, traumas, bulliyng e suicídios. Muitos profissionais da educação repetem a estigmatização, e de maneira geral não sabem lidar com o preconceito, culpando na maioria das vezes a própria vítima”.

Vanessa Joda – professora de yoga gorda – é referência por promover a filosofia iogue para além dos estereótipos, abrindo espaço para pessoas que não se adequam a padrões, além de levar a prática a moradores de rua e oferecer bolsas de formação para democratizar o acesso aos ensinamentos milenares.

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