Pedro Bial, aos 61, pai de novo

Filho de refugiados alemães, agnóstico, intelectual e boa pinta

Entrevista: Michele Marreira/ Texto: Mariana Marçal

Apresentador, jornalista, escritor, cineasta e considerado galã (até hoje), Pedro Bial completou 61 anos em março deste ano e, para ele, a vida está só começando. É que, recentemente, anunciou que será pai pela sétima vez, sendo a segunda menina com a atual esposa, a jornalista Maria Prata, filha do granjeiro Mário Prata. Por isso, não estranhe se encontrar o Pedro batendo perna por nossas bandas. Que sorte seria.

Apesar da cara de europeu, dos olhos azuis e da altura – ele tem 1,92m – Bial é um cara bem brasileirão, com gingado carioca, que adora uma camisa florida e chinelos de dedo. Nascido no Rio de Janeiro, é filho do publicitário Pedro Hans Bial e da assistente social Suzane Bial, refugiados alemães.

Considerado uma das figuras mais importantes do jornalismo brasileiro, tem uma carreira cheia de histórias para contar. Na bagagem, coleciona experiências como correspondente internacional da Rede Globo, em Londres. Entre os destaques nesse período, participou da cobertura de quatro guerras – Golfo, Romênia, Sarajevo e Angola -, da queda do Muro de Berlim, dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, e da Copa do Mundo na Coreia do Sul e Japão.

Foram 14 anos apresentando o Big Brother Brasil, quando virou o queridinho do país com seus discursos poéticos e sua arte de dar emoção aos barracos dos participantes.

Emprestou sua voz à personagem Irmã Feia, no filme “Shrek 2”, de 2004.

Assumiu o horário que era de Jô Soares, outro ícone da TV, e iniciou o “Conversa com Bial”, um “programa para quem gosta de uma boa prosa. Um dos destaques do talk show foi a denúncia feita em dezembro de 2018, quando mulheres acusaram o médium João de Deus de abuso sexual.

Apaixonado por basquete, jogou dos 10 aos 22 anos, sendo que parte deste período atuou profissionalmente.
É agnóstico, ou seja, considera impossível que certas verdades sobre o universo sejam atingidas por meio da razão humana. Porém, não gosta de ser intitulado como ateu.
Apesar da gente ver um comunicador simplão na TV, afirmou em uma entrevista. “Fazer televisão popular é um super desafio. Fui um adolescente meio esnobe. Me achava superior aos colegas porque lia Carlos Drummond de Andrade. E carreguei essa dificuldade de fazer TV popular”.

São tantas coisas para falar sobre Bial…

Confira nas próximas páginas mais desse jornalista que a gente admira. Bora conversar com ele. Bora!

Bial cursou jornalismo na PUC-RJ. Sua carreira na Rede Globo teve início em 1981, quando participou de um curso de formação em telejornalismo. Nos programas da emissora, sua primeira participação foi como repórter no Jornal Hoje, seguida pelo Globo Repórter, onde ficou até 1988. Também foi apresentador da emissora na 2ª edição do Rock in Rio, em 1991.

Ossos do ofício

Durante a cobertura da Guerra do Golfo, Pedro Bial foi colocado para entrevistar um grupo de beduínos – pessoas que habitam em desertos – na região da Jordânia. Após a entrevista, Bial foi convidado para jantar e foi obrigado a comer olho de carneiro assado, uma tradição do povo local. O jornalista passou mal e vomitou, o que foi considerado uma situação constrangedora para ele e para os beduínos. Após isso, Bial foi banido da Guerra do Golfo.

Em 2014 foi autor do musical Chacrinha.

No cinema, dirigiu o documentário “Os Nomes da Rosa” e “Jorge Mautner – O Filho do Holocausto”, além dos filmes “Outras Estórias” e “Como Ser Solteiro”. Escreveu a biografia póstuma de Roberto Marinho, fundador da Rede Globo.

Bial é pai de: Theo, com a atriz Giulia Gam; José Pedro, com Isabel Diegues; Ana, fruto de seu primeiro casamento com Renée Castelo Branco e Marina e João – filhos de Renée – que ele ajudou a criar. Com a atual esposa, Maria Prata, ele teve a pequena Laura, hoje com 1 ano e 8 meses, e espera o caçula, previsto para nascer em dezembro.

Em 2015, apareceu pela primeira vez em uma campanha publicitária, em um comercial da Fiat.

Sobre a cobertura da queda do muro de Berlin, relatou: “Tinha uma coisa pessoal. Eu estava contando o fim da história para a minha família. Minha avó era viva na época”. No entanto, sua grande frustração foi que ele não cobriu o momento exato da queda, no dia 9 de novembro de 1989. O jornalista havia sido deslocado para uma outra cobertura jornalística.

Foi o responsável pela tradução do livro “A Memória do Mar”, do autor Khaled Hosseini, do best-seller “O Caçador de Pipas”.

Revista TUdo: Falar sobre refugiados é um assunto atemporal. É um tema que te toca ainda mais pela história de seus pais?

Pedro Bial: Sim, é a história da minha família. Sou filho de refugiados alemães. Isso determina a vida, não só da primeira, mas da geração que se segue. Eu não seria a pessoa que sou hoje se não tivesse tido essa história. Sempre que posso participo [desses debates], inclusive nos anos anteriores abordamos o tema no programa [Conversa com Bial]. Neste ano, levaremos o assunto novamente, sobre a questão da fronteira da Venezuela com Roraima.

Que análise você faz da cobertura jornalística brasileira sobre os refugiados?
Estamos melhorando. O jornalista brasileiro é um sujeito muito ocupado. No Brasil, as notícias estão envelhecendo rápido, perdendo o frescor. É importante nos entendermos como um país de refugiados. É quase ridículo um Presidente como o Donald Trump, por exemplo, cujo avô era um alemão refugiado, ter uma política xenofóbica. Não estou dizendo que é simples receber massas de imigrantes; nenhum país está perfeitamente preparado para receber os refugiados do clima, da miséria, da pobreza. Mas precisamos chegar a um acerto. Isso beneficia os países que os recebem; renovam sua identidade, se realimentam. É exemplar a maneira como a Alemanha lida com a questão dos refugiados. Justamente eles que aprenderam a lição da História da maneira mais terrível possível.

Você foi correspondente internacional na década de 90, cobrindo as guerras do Golfo, além do fim da União Soviética e da queda do Muro de Berlim. Qual recordação mais marcante guarda dessa época?

Muitas. Em crises de refugiados eu já tive em algumas situações limite. E por mais que sejam dramáticas e trágicas as circunstâncias, muitas vezes aquilo vai virando notícia velha, como dizem. Eram horríveis as condições sanitárias daqueles acampamentos. Morriam algumas dezenas de pessoas por dia, o acesso era muito difícil. Havia a dependência [da imprensa] de carona dos helicópteros oficiais americanos. Naquela fila de jornalistas, equipes de TV querendo entrar, eu ouvi uma frase do oficial que estava coordenando, que me fez pensar um bocado sobre a minha profissão e toda aquela situação. Para “acalmar” todos aqueles jornalistas ele falou: “Fiquem tranquilos, que todos terão suas histórias”. O que ele estava querendo dizer com aquilo era que nós teríamos a filmagem de famílias mortas. Estou contando para trazer um pouco da brutalidade de tudo isso. A tragédia não pode virar rotina. Vivemos num mundo conectado onde as solidões não se comunicam.

Acha um avanço uma novela atual da Rede Globo, “Órfãos da Terra”, ter como tema principal os refugiados?

O audiovisual é um despertador de consciência. É de extrema relevância termos na atualidade uma novela que trata do assunto dos refugiados, trazendo essa discussão muito mais próxima, palpável aos brasileiros, pois fala ao coração. É um drama que requer políticas de estado, assim como a questão do aquecimento global; são questões que não serão resolvidas por políticas de estado isolado, mas vão obrigar a um conserto internacional.

É verdade que a Globo te autorizou a gravar o “Programa da Maisa” no SBT? Você já esteve na emissora de Silvio Santos antes?

Vou participar! Acho que agora em agosto, não lembro ao certo, mas já tem data. Nunca fui ao SBT. Eu sou apaixonado pela Maisa. O que ela pedir eu faço (risos).

Antes de migrar para o entretenimento você trabalhava com o jornalismo tradicional. Sente falta dessa fase?

Eu fui jornalista o tempo todo. No BBB [Big Brother Brasil] eu tinha esse olhar, mas transmitia num programa de entretenimento, e para entender o que estava acontecendo eu tinha que ter uma visão de apuração jornalística. O que eu faço hoje também é jornalismo, porém, um pouco mais descompromissado com algumas regras do convencional; no entanto, os instrumentos para abordar e entender a realidade, e até algumas técnicas de entrevista vêm do jornalismo.

Qual o balanço você faz do seu programa, o “Conversa com Bial”, nesses dois anos de exibição?

Gosto de colocar as pessoas para refletirem, sair da discussão pequena, de uma coisa ou outra. Somos muitas coisas ao mesmo tempo e que nos aceitemos assim, que possamos conversar.

Estamos em agosto, mês dedicado aos pais. Sua atual esposa está grávida e logo você será pai pela sétima vez. Como se sente?

Muito feliz. Divulgaram sétimo [filho] porque dá mais clique (risos). Tenho dois enteados que eu criei, já são grandes. Biologicamente, será minha quinta filha. Daqui a pouco vem o décimo! Daqui a pouco chegam os netos (risos).

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