Débora Nascimento

Com um olhar reflexivo sobre a vida, Débora Nascimento busca seu autoconhecimento

“A gente tem uma ideia do que precisamos sofrer para aprender”, diz atriz

Segundo o dicionário, a definição para a palavra potência é: substantivo feminino. Qualidade de potente; poder; força; vigor. Poderio; autoridade; capacidade de realizar. Palavra que define com precisão a atriz Débora Nascimento. E digo isso porque já tive a oportunidade de entrevistá-la algumas vezes. Em seus posicionamentos, é nítido enxergar uma mulher centrada e capaz de ter nas próprias mãos as rédeas de sua vida. Mas, é claro que essa busca é constante e está sempre em evolução. É assim, aliás, com todo mundo. E foi numa entrevista exclusiva com a atriz que a revista TUDO ficou por dentro de como funciona a cabeça pensante e desafiadora desse ser que tem muito a nos ensinar: a sermos mais empáticos, a refletirmos mais sobre tudo que nos acontece, a aprendermos com os perrengues da vida, a batalharmos pelo nosso espaço e sermos, simplesmente, felizes.

Em 2013, você deu uma declaração à Marie Claire: “Não vivi conto de fadas, não temos que esperar o príncipe encantando. Quem come a maçã envenenada pode despertar sozinha”. Conte-nos do caminho que você percorreu pra chegar até aqui e fale sobre esta frase.

Desde pequena eu sempre quis ter os mesmos privilégios que o meu irmão mais novo. Eu não entendia por que ele tinha mais liberdade para as escolhas dele e eu não. E isso foi ficando cada vez mais nítido conforme eu fui envelhecendo e amadurecendo; só depois eu fui entender o que era feminismo. No meu caso, me impulsionou a ter mais clareza do quanto a sociedade nos oprime, então, eu sou feminista desde que eu me entendo por gente, antes mesmo de saber o que era feminismo.

Débora, você é uma mulher independente. Como você equilibra a autoconfiança?

Nós fomos criadas para diminuir a nossa perfeição. Pensar em diminuir a minha potência para deixar o outro mais confortável, não passa pela minha cabeça, até mesmo porque, se qualquer outra pessoa se afasta, ou se aproxima, ou se incomoda, ou se fascina, isso diz respeito a experiência do outro, diz respeito à vibração do outro, não diz respeito à mim. Existe todo um esforço e uma manipulação de narrativa e condução psicológica para que a mulher acredite que ela não é potente, se diminua, acredite que ela é inferior, ou não merecedora, e isso é de uma enorme violência; a gente só pode sair disso a partir da nossa própria consciência, entendendo o quanto nós somos fortes e perfeitas.

Leitora assídua de livros feministas, esta é uma forma de você se preparar para educar sua filha Bela e também aprender mais sobre o assunto, para ter controle sobre sua própria história, sua própria vida?

Eu leio muito sobre feminismo e com autoras mulheres, mas eu também tento me nutrir de informações,  estudos e de literatura de maior alcance de iluminação, pra ter maior percepção de mim, do que está à minha e à nossa volta, melhorando como ser humano, como mulher, como amiga, como ser pleno, de estar consciente e de ser e existir no afeto. A partir disso eu me torno uma melhor mãe. As melhores ferramentas que eu percebo e tenho, são de me tornar uma pessoa melhor, porque não tem regra, receita de bolo ou matemática que vai me dizer que para ser uma mãe incrível eu tenho que criar e educar a minha filha de tal forma.

Débora, desde o início da sua carreira como modelo até os dias de hoje, o que você aprendeu e o que te fortaleceu como mulher diante dos desafios da vida?

A gente tem uma ideia de que precisamos sofrer para aprender, precisamos sentir dor, ir até o fundo do poço para renascer; infelizmente o meu maior despertar foi através de processos extremamente dolorosos, mas eu acredito que não precisamos sofrer. A minha maior busca no momento é evoluir como pessoa, cada vez mais, sem ter que passar pelo processo de dor, porque na verdade nós já somos inteiros, potentes e preciosos, não acho que precisamos sofrer.

Ainda Estou Aqui”; “Insubmissas Lágrimas de Mulher”; “A Paixão Segundo GH”, “Para Educar Crianças Feministas”, “O Mito da Beleza”, “Explosão Feministas”. Esses são alguns dos livros que você compartilhou. Qual deles você mais gostou e por quê?

De toda a literatura que eu absorvo e até divido, compartilho com quem me segue, me olha e presta atenção em mim, eu acredito que as poesias são de profundo alcance, porque é uma arte sútil que muitas vezes mexe com você, sem deixar explícito o que quer dizer; traz uma reflexão do que você sente, não de como você deve agir, ou como você deve se portar, simplesmente entra em conexão com o que você sente.

Débora, você pode falar um pouco sobre o projeto “Amor de Quarentena”? Quando surgiu essa ideia e como tem sido trabalhar com o argentino Santiago Loza?

“Amor de Quarentena” é um projeto de audiovisual muito afetuoso e eu tenho um enorme carinho por essa personagem barra (risos). Eu fiz todos os vídeos e áudios da minha casa, do meu dia a dia, do meu fazer, do meu viver, em um momento também muito especial e único que a pandemia nos trouxe. A pessoa recebe durante treze dias, mensagens de áudios, textos, fotos, vídeos que são pelo WhatsApp, que é um veículo muito intimista e pessoal. Tem a gente rindo, lavando louça, comendo biscoito, trocando ideias, dividindo o dia a dia, que na verdade, não é o dia a dia da Débora, mas de uma personagem com um texto muito bem escrito, muito bem elaborado, dirigido brilhantemente. Grande parte do lucro vai ser revertido para o Instituto Marlene Colé, que faz parte da rede de afeto.

No cinema você participou do filme “Pacificado”. Gostaria de entender um pouco mais sobre sua personagem Andréa.. Como foi filmar no Morro dos Prazeres?  

Ele seria lançado este ano, mas devido à pandemia e a questão da quarentena, será lançado em 2021. Estou muito ansiosa porque é uma personagem muito intensa, e não se trata apenas de um filme favela movie, ou um filme de policiais ou de pessoas pobres sendo injustiçadas. Trata das relações humanas, das sutilezas dessas relações, das tensões. Essas relações são feitas e vividas no Morro dos Prazeres, um lugar muito profundo e sutil.. Eu estou muito feliz de fazer parte desse filme que está sendo aplaudido mundo a fora. O filme traz esse olhar sobre o que fazer com a sua vida para sobreviver.

O filme tem uma frase muito interessante: “Se você fica neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor” Desmond Tutu.

Se você está na imparcialidade, você está do lado do opressor; eu acredito muito nisso. Como você pode ser imparcial se está presenciando algo que não é correto, que você não está de acordo, que não é do bem, sabe? A partir do momento que você tem percepção e consciência, não existe imparcialidade, existe sim e não.

Em época de pandemia, ao longo desses 8 meses, como você encarou o isolamento e como tem lidado com ele após esse período?

Esse vírus trouxe muita dor, tristeza e perdas; eu não tive falecimentos na minha família, mas não importa se foi na família do vizinho, perda é perda. A partir das minhas perdas pessoais, do meu ciclo de convivência, do meu dia a dia, perdas de momentos, de troca sincera com algumas pessoas, de oportunidades de trabalho, de socialização, de contato visual, eu passei por perdas financeiras também, mas elas me impulsionaram a olhar e entender o ganho que eu tive. Qual o ganho através da perda? Num primeiro momento você acha que não existe, mas, eu consegui respirar depois de tudo e renascer novamente. Eu renasci nesta pandemia.

Como  está planejando o seu final de ano? Como fica 2021?

Eu vou passar o Natal com a minha filha e o ano novo com pessoas queridas. No ano que vem eu não tenho planos, mas eu não vou sofrer pensando em datas, em expectativas; tenho projetos para começar a rodar, lançar, ensaiar, escrever, mas tudo está num horizonte próximo; não fico na expectativa de quando ou de como, apenas fico feliz de, pelo menos, estar enxergando esse horizonte.

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