Especialistas consideram o projeto ultrapassado porque prejudica sustentabilidade e mobilidade; moradores do entorno da rodovia dizem que não foram ouvidos
Falar da Raposo é falar da gente, afinal, nós, que moramos em Cotia, dependemos dela para viver. E o que tem acontecido é que temos adoecido nesse trânsito caótico e crônico.
Muito tem se falado sobre o Projeto Lote Nova Raposo. Primeiro, a polêmica aconteceu em torno dos pedágios no sistema free flow, mas, que só devem entrar em operação em 2032. Neste modelo, as tarifas serão cobradas por quilômetro percorrido. E o morador de Cotia passará por seis pontos de pedágio para ir e voltar de São Paulo.
Seja você a favor ou contra, é importante a gente entender tudo o que vai acontecer a partir deste projeto que deve melhorar a nossa mobilidade.
Mas, qual a finalidade deste projeto?
Melhorar o tráfego local e entre as cidades da Grande São Paulo, com soluções voltadas para resolver os gargalos no trecho urbano da Raposo Tavares, priorizando a segurança e reduzindo os acidentes rodoviários.
Para quem trabalha em Sampa e não aguenta mais ficar parado no trânsito que se forma no km 20 e segue até São Paulo, aí vai a novidade:
outras medidas do projeto Nova Raposo serão a construção de túnel entre o final da Raposo e a avenida Francisco Morato, eliminando o tráfego na região do Butantã e diversos semáforos. A passagem subterrânea ficará abaixo da Rua Sapetuba, que passará por inversão do sentido, assim como a Rua Reação. Essas medidas, somadas à ampliação da alça da Rua Alvarenga, permitirão a eliminação de semáforos tanto na Sapetuba quanto na Rua MMDC, por exemplo.
Nova alça com acesso para a Avenida São Camilo
Pra quem não está muito preocupado sobre os benefícios nos bairros de São Paulo, aí vai: para melhorar a mobilidade, haverá ainda uma quarta faixa na pista até Vargem Grande, além de novas alças na avenida da Escola Politécnica, na rua Sylvio Lagreca e Avenida São Camilo, com retorno antes e depois do dispositivo. Na Castelo Branco também serão instaladas novas alças, inclusive para Osasco.
O que prevê a Nova Raposo?
Está prevista a implantação de 48 quilômetros de marginais contínuas. Nelas, os munícipes poderão circular normalmente sem a necessidade do pagamento de tarifa nos pedágios free flow. Da mesma forma, com a implantação das marginais, os motoristas que circulam dentro das cidades não precisarão mais acessar as vias expressas, reduzindo assim o número de veículos que trafegam atualmente pela Raposo Tavares.
Conexão com cidades vizinhas
O lote Nova Raposo prevê um corredor integrado na região Metropolitana de São Paulo para reduzir congestionamentos nas principais rodovias que ligam a Capital às cidades próximas, como o Rodoanel Oeste, Régis Bittencourt, Raposo Tavares e Castelo Branco. As rotas alternativas integram o lote Nova Raposo, que será concedido à iniciativa privada até o primeiro semestre de 2025.
As principais intervenções incluem a construção as marginais contínuas e quarta faixa até Cotia e a requalificação e construção de 19 interseções. Para o trecho urbano entre Embu das Artes e Cotia e a SP-29 estão previstos 20 quilômetros de duplicação, desafogando especialmente o Rodoanel Oeste.
Já a rodovia Castelo Branco (SP-280) ganhará 22 quilômetros de faixas adicionais, que poderão ajudar a mitigar o congestionamento usual no entroncamento com a Granja Viana e chegada à São Paulo. A quarta faixa vai até Araçariguama, ligando também a São Roque com outros 10 quilômetros na SPA 53/280, onde também será implantada uma passarela.
Concessão rodoviária
A concessão vai beneficiar 14 municípios. O projeto inclui quatro rodovias: SP 270, SP 280, SP 029 e SPA 053/280 e também o trecho municipal entre os municípios de Cotia e Embu das Artes, paralelo ao Rodoanel Oeste. Estão previstos investimentos para duplicação de 36,16 km, implantação de 36,65 km de faixas adicionais, 48,26 km de vias marginais; 24 novos dispositivos, adequação de 59 novas obras de artes especiais; 38 novas passarelas e 73 pontos de ônibus.
Comunidade diz que não foi ouvida
Moradores do entorno da Raposo dizem que audiências públicas não foram divulgadas
No último dia 14/04, dezenas de pessoas participaram de uma reunião online de emergência convocada por diversas entidades, entre elas a Rede Butantã e a Rede Ambiental Butantã, além de conselheiros do CADES Butantã e do Conselho Participativo Municipal para criar um movimento contra o projeto “Nova Raposo”.
Outro medo que assola os moradores é em relação às suas casas e residências que serão desapropriadas, além de áreas verdes que devem desaparecer.
Alguns especialistas acreditam que o investimento seria melhor aproveitado se o Governo investisse na linha 22 do Metrô, que ligaria São Paulo a Cotia.
Maria Helena Bueno, presidente da Associação de Moradores do Alto de Pinheiros, disse que recebeu um formulário para dar a sua opinião. “Opinião sobre o que? Fomos atrás do Projeto e ficamos extremamente surpresos”, disse durante entrevista para uma emissora.
Na Granja Viana, os Movimentos já começaram a se articular e se unir contra o Projeto, que, como eles mesmo apontam, teve 30 anos para ser amplamente discutido e implementado com cautela.
O projeto não atende a nenhuma ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU.
As audiências públicas aconteceram em São Paulo e Vargem Grande Paulista.