Fotos: Vagner Santos
Durante toda a manhã de quarta-feira (18), a Secretaria de Saúde de Cotia, por meio do Departamento de Saúde Mental, realizou um evento para centenas de pessoas em celebração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio). A programação contou com a presença de pacientes, amigos e familiares de pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Álcool e Drogas, Adulto e Infantil de Cotia.
Na abertura do evento, a coordenadora da Saúde Mental, a enfermeira Soraya Moraes, falou da importância de, ano após ano, a luta antimonicomial ser lembrada e difundida. “Muito bom reunir todos neste dia que é tão importante para a saúde mental. Ficamos afastados, por conta da pandemia, mas não deixamos de atender com muito carinho as pessoas com sofrimento mental”, disse Soraya. A coordenadora destacou os avanços na saúde mental, mas salientou que há uma longa caminhada. “Parte deste caminho passa por eventos como este que busca sensibilizar e conscientizar sobre a luta antimanicomial”, destacou.
A vice-prefeita e Secretária dos Direitos Humanos, Cidadania e da Mulher, Ângela Maluf, prestigiou a programação. “[…] políticos têm que se envolver com todas as causas e, quando se fala em sofrimento mental, é um tabu e existe uma dificuldade, mas em Cotia [a rede municipal] tem pessoas preparadas para ajudar em nossos CAPS e Residências Terapêuticas, são pessoas que trabalham com dores ocultas no outro”, disse.
A programação contou com apresentação musical do Batucaps, formado por pacientes e professores de oficinas e atividades nos CAPS, além de exposição fotográfica e de obras de artesanato, origami e pintura feitas pelos pacientes nas oficinas, além de um sarau.
O evento também contou com uma palestra do psiquiatra Paulo Moraes, com intérprete de LIBRAS. Ele, que participou da construção do movimento pela luta antimanicomial no Brasil, traçou a trajetória histórica do processo. “Ainda estudante, me aproximei de psiquiatras que eram contra o eletrochoque, que era o tratamento usado até então”, disse. Ele lembrou da luta política pelo fechamento de manicômios e do avanço de métodos que ‘perseguem’ a saúde mental dos pacientes e não que combatam a doença mental.
Ele falou da maneira como as pessoas com sofrimento mental eram tratadas e submetidas a ‘tratamentos’ que eram verdadeiras torturas como: corrente com bola de ferro nos pés, choques, banho escaldante, sangrias e outras formas brutais. “E foi Freud que chegou com a psicanálise para entender o interior do indivíduo dito esquisito e tivemos o início de uma mudança na história […] temos que combater a desigualdade e respeitar as diferenças”, completou.
Em Cotia, a Saúde Mental conta com três CAPS, duas Residências Terapêuticas, além de psicólogos na rede de atenção básica. Nos CAPS o atendimento de acolhimento é porta aberta, sem agendamento.