Entrevista Michele Marreira
Marieta Severo é uma das maiores atrizes que o Brasil pode chorar de orgulho em ter como filha.
E, talvez, seja por isso que ela conseguiu, naturalmente, no decorrer da vida, tirar aquele rótulo de “ex-mulher de Chico Buarque” – com quem foi casada por 33 anos – para ser um ícone da dramaturgia que está aí, há uns bons anos nos melhores horários do maior canal aberto do país.
Escorpiana, Marieta nasceu há 71 anos em uma tradicional família de classe média do Rio de Janeiro. Estudou balé clássico e tinha o sonho de ser professora até o teatro bater em sua porta, aos 16 anos, época em que adorava pegar uma praia, jogar frescobol e se preparava para ingressar no magistério.
Sua estreia oficial, tanto no teatro quanto na televisão, aconteceu por acaso e simultaneamente, entre 1965 e 1966, quando foi convidada para o filme “Society em Baby Doll” e a peça “As Feiticeiras de Salem”. Ainda, foi em 1966 que Marieta atua em sua primeira novela, “O Sheik de Agadir”.
Chico se apaixonou ao ver Marieta Severo atuando no palco de um teatro, mais precisamente em sua terceira peça. Viveram, por mais de três décadas, uma linda história de amor e hoje são grandes amigos. Grandes amigos não. Melhores amigos. É Chico quem Marieta procura nos momentos de dificuldade.
Após outros relacionamentos, conheceu o diretor teatral Aderbal Freire Filho, iniciaram um namoro e até hoje estão juntos.
Mãe de Silvia, Helena e Luísa, avó de Francisco, Clara e Lia e vilã em horário nobre, Marieta conta que sofre com as cenas de preconceito contra a filha anã, Estela, interpretada pela atriz Juliana Caldas. “Ela é inescrupulosa”, fala a atriz o que pensa sobre Sophia, sua personagem. Apesar de achar Sophia “fichinha” perto das maldades praticadas por pessoas reais no Brasil atual. “a ficção não consegue chegar aos pés disso tudo”, opina.
Marieta Severo é uma delícia. E, nas próximas páginas, ela mostra que o mundo não é lugar para amadores. Tá certo, Marieta, tá certo.
Surra de Dona Nenê
Marieta foi a matriarca do seriado A Grande Família por 13 anos e conquistou o público com o seu jeito simples de uma doce dona de casa.
No mais, são mais de 40 anos de teatro e quase 40 filmes no currículo.
Em 1968, Marieta estrelou o musical “Roda Viva“, do então marido Chico Buarque, que criticava abertamente o regime militar, e entrou na mira dos agentes do governo. Acompanhando o marido no lançamento de um álbum em Roma, e grávida da filha Sílvia o casal recebeu notícias de como andava a situação no Brasil e decidiu passar alguns anos na Itália, país em que Silvia nasceu. Marieta tinha 21 anos.
Aliás, com 27 anos, a atriz já tinha três filhos.
Revista TUDO: Ao viver por 13 anos a mesma personagem, dona Nenê de A Grande Família, teve o receio de ficar estigmatizada ou estagnada numa zona de conforto?
Marieta Severo: Não desejo ficar no mesmo lugar. Se me convidassem novamente para viver uma dona de casa, mesmo pagando o melhor salário, eu recusaria. Quero percorrer outro universo, pesquisar novas vertentes humanas. Criei uma intimidade absoluta com a personagem, incorporei de tal maneira, naturalmente, que não precisava pensar em mais nada. Não existiam mais fronteiras entre eu e a Dona Nenê.
De que maneira avalia a técnica da comédia?
A comédia tem uma exigência técnica, precisa. É um gênero difícil; é mais fácil fazer chorar do que rir. Exige muita atenção de quem faz e precisa estar atento ao “time”. O humor te dá uma liberdade que não teríamos de outra forma; é fantástico.
Em seguida você mudou drasticamente de perfil ao interpretar Fanny, a empresária mau-caráter de “Verdades Secretas”…
Em “Verdades Secretas” Fanny fazia aquelas meninas se prostituírem, porém, ela não era ilimitada como minha personagem atual. Fanny era amoral, sem nenhum escrúpulo, seus valores se resumiam em poder e dinheiro. Representava muito bem parte da sociedade atual.
Então, vamos falar de Sophia, sua personagem atual em “O Outro Lado do Paraíso”. Como foi o processo de construção para compor uma mulher de caráter dúbio, cheia de nuances?
Embora ela seja ambiciosa e defina que o dinheiro é o valor absoluto em sua vida, e por esse objetivo Sophia é capaz de fazer qualquer coisa, eu a considero o retrato da nossa época, de uma atualidade extrema. É assustadora essa realidade e a ficção não consegue chegar aos pés disso tudo; chega a ser avassalador. É uma pena observar que o ser humano está fechando o horizonte. Nada o impede de chegar onde deseja.
Tem algo de positivo nessa vilã?
Ela é inescrupulosa, mas não consigo defini-la como vilã ou não; não penso muito nisso, pois todo personagem nada mais é do que uma pessoa. Realmente todos os seus valores de vida giram em função do dinheiro, porém, ela ama os filhos, do jeito dela, e vive em função da família. É uma mulher moderna, que precisa manter o status, sempre agindo em nome dessa família.
Fazer uma novela das nove é diferente?
Independente do horário, sempre me dá saudade de trabalhar; estarei feliz em qualquer um. Sei que existe uma expectativa em torno desse momento em questão, chamado horário nobre. Procuro trabalhar fora dessas expectativas, mesmo sabendo que é o momento que tem mais gente em casa assistindo. Busco sempre realizar meu ofício da melhor maneira possível. Faço o que me estimula e me toca; nunca quis provar nada a ninguém.
A ditadura militar foi uma fase marcante na história do Brasil. Foi desafiador fazer arte nessa época? Recentemente fecharam uma exposição, definindo tal atitude como censura. Qual sua opinião desse caso?
Quando se fala sobre a década de 60 e 70 lembramos da ditadura e garanto: é horrível ficar debaixo da censura. Eu não tenho mais idade para passar por isso novamente. Fechar uma exposição por conta de pessoas caretas é grave, é muito sério; não vamos brincar disso, gente! É revoltante não pode acontecer. Quem não gosta, faz como na televisão: muda de canal. Não podemos andar para trás!
Você é muito vaidosa em relação ao corpo?
Sempre fiz exercício, dança. Uma atriz não pode ser largada; preciso do meu corpo, por isso me cuido. Não tenho tendência a engordar. Mas também chega uma hora na vida que não podemos ser tão autocríticos, senão vira uma maluquice.
Um medo?
Perder a lucidez na velhice e pavor de não ter mais capacidade de decorar um texto.
Planos?
Trabalhar e fazer ótimas peças de teatro, novelas e filmes.
Meu legado é o meu Teatro Poeira e Poeirinha, fundado por mim e por Andréa Beltrão.
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