Isabelle Drummond Empreendedorismo à flor da pele

Entrevista: Michele Marreira

Texto: Mariana Marçal

Atriz e empresária. E ela enche a boca pra dizer isso, nesta ordem, porque é atuando e empreendendo que vem o sustento de cada dia. Isabelle Drummond só tem 24 anos – com 18 de carreira – e já é exemplo quando o assunto é sair da aba dos pais e ganhar a própria grana.

Evangélica, discreta e disciplinada, nascida em meio ao turbilhão dos anos 90 e interpretando a linda jovem Manuzita, personagem cheia de sonhos que conquistou nosso coração na trama global Verão 90 – Isabelle define a protagonista como batalhadora, decidida e com alegria de viver, três características nas quais se assemelha com a vida real.

A verdade é que Manuzita – com essa pegada espivetada variando para a comédia – tirou Isabelle da zona de conforto, já que sempre teve um estilo mais dramático. “O Jorge Fernando [diretor] foi o responsável por me introduzir no gênero cômico. Estou mergulhando de cabeça, quero mesmo ser desafiada, explorar este lugar que é novo pra mim e me acrescenta como atriz”, afirma.
Bailarina nas horas vagas – ela é embaixadora da Repetto Paris, tradicional marca francesa de artigos de balé – pratica o esporte desde os 14 anos e é essa dedicação que ajuda na hora de preparar o corpo para um personagem. Amante das malas, em suas últimas férias embarcou sozinha para a Europa. “Em Paris, no verão, peguei a bicicleta e dei umas voltas pela cidade. Vivi uma cultura parisiense muito importante”, lembra ela.
Apesar do rosto angelical – não é a toa que por seis anos interpretou a Emília no Sítio do Picapau Amarelo cuja personagem considera um marco em sua carreira – Isabelle já aceitou o convite de fazer um ensaio sensual mostrando para o mundo o seu lado mulherão e provando que é capaz de dançar conforme a música e explorar todos os desafios da carreira.
Fã da atriz Laura Cardoso, o primeiro beijo da musa foi em cena, com Miguel Rômulo, aos 10 anos de idade, durante uma gravação. Falando em beijo, amor e paixão, ela é fã de romances equilibrados e seguros e afirma que nunca levou um toco na vida. Nos planos, para daqui alguns anos, está a formação de uma grande família, com filhos adotivos e biológicos.
Para 2019, a atriz pretende continuar com seus projetos sociais. Em 2018 ela viajou por algumas cidades do Nordeste clicando áreas carentes. Dona da marca de comidinhas leves com conceito sustentável Levê, que já é sucesso no Rio de Janeiro, está realizando o sonho de investir em causas sociais com recursos da própria empresa.
“O que importa mesmo são as pessoas e não as coisas”, manda o recado.

Isabelle saiu do Sítio do Pica Pau Amarelo aos 12 anos e, aos 15, encenou em Caras e Bocas, como a Bianca, fortalecendo a sua carreira como atriz. Para ela, uma personagem que marcou e fez a passagem do seu lado criança para adolescente. “Era quase uma Emília adulta”.

Isabelle iniciou a carreira com pequenas participações na novela Laços de Família e na série Linha Direta. Em 2001, teve seu primeiro papel como a pequena “Rosicler”, a filha da personagem de Ana Paula Arósio, na minissérie Os Maias. No mesmo ano, tornou-se a boneca Emília na série infantil Sítio do Picapau Amarelo, um marco em sua carreira. Integrou o elenco da atração por seis anos consecutivos. Em 2007 interpretou “Gina” na novela Eterna Magia e, em 2008, fez uma participação de dois capítulos na novela A Favorita.

No cinema, participou do filme Xuxa Popstar no ano de 2000 e, em 2009, atuou no longa-metragem Se Eu Fosse Você 2 no papel de Bia, filha do casal principal, Tony Ramos e Glória Pires, respectivamente “Cláudio” e “Helena”. Além disso, participou de vários especiais de fim de ano da emissora e protagonizou o especial da Rede Globo em comemoração aos 40 anos do canal, A História de Rosa.

Entre 2009 e 2010 interpretou a “Bianca”, filha dos protagonistas de Caras & Bocas. Sua personagem lançou os bordões “É a Treva!”, “Sou muito experiente”, “Sou a rainha dos biscoitos de Polvilho”, que caíram no gosto popular. Em 2011, foi escalada para integrar o elenco da novela das seis da Rede Globo Cordel Encantado.

Em 2012, Isabelle interpreta a personagem “Cida” na novela Cheias de Charme. Ela era uma das protagonistas da trama juntamente com Taís Araújo e Leandra Leal. Em 2013, interpretou “Giane” na novela Sangue Bom. Em 2014, interpretou a americana “Megan”, na novela Geração Brasil repetindo novamente a parceria com os autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira. Sua personagem vivia sempre metida em confusões e escândalos. Em 2014, foi convidada para integrar o elenco de Babilônia, no papel da garota de programa de luxo “Alice”, porém recusou o papel, que foi entregue para Sophie Charlotte. Em 2015, fez parte do elenco da novela Sete Vidas, no papel de “Júlia”, uma estudante de medicina que descobre ser filha de um doador de sêmen e acaba se apaixonando pelo seu suposto meio irmão Pedro, vivido por Jayme Matarazzo, seu parceiro em outras novelas. Em 2016, esteve na primeira fase de A Lei do Amor, trabalhando novamente com os autores Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, vivendo a personagem Heloísa, que na segunda fase é interpretada por Cláudia Abreu. Em 2017, interpretou Anna Millman em Novo Mundo, fazendo novamente par romântico com Chay Suede

Levê – marca criada pela atriz em 2017 – possui sete linhas de pratos servidos no pote e são preparados com temperos naturais, sem conservantes ou corantes.

De uma charmosa cozinha na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, saem as comidinhas saudáveis da Levê, empreendimento montado por Isabelle Drummond e pela sócia, Mariana Fernandes, de quem é amiga há alguns anos. “Sentimos que faltava ter uma comida saudável, com sabor de comida caseira e um toque gourmet, de uma maneira prática. Quando começamos a pensar na Levê, eu estava muito preocupada com a minha alimentação porque já tive alergias alimentares, reação ruim com comida na rua. Também estava com dificuldade de fazer em casa e levar, porque organizar essa rotina é uma coisa difícil”, conta.

Para a elaboração do cardápio, a marca contou com a parceria da chef Ana Pedrosa, especialista em comida natural, mas, não pense que Isabelle é apenas a idealizadora da marca. A atriz faz questão de colocar a mão na massa e participa de todas as etapas, inclusive da criação dos pratos.

TUDO: Como tem sido o processo de construção de sua mais recente personagem em “Verão 90”?

Isabelle Drummond: Manuzita é muito divertida, aos poucos vocês verão que ela é “fora da caixa” (risos), não é quadrada, surpreende a cada momento. Não sabemos o que esperar! É uma garota otimista, solar, corajosa, desconcertada e muito bem-humorada. Cheia de nuances. Gosto da forma que a personagem passa pelas circunstâncias da vida.

Ela conta muito com a mãe para atingir novamente o sucesso, certo? Fale um pouco dessa parceria com a Cláudia Raia.

Sim. Elas são muito doidas, sem medo de ser quem são. Se as duas tropeçam, logo levantam e continuam. Minha relação com a Cláudia é ótima, eu já a amo na vida. Encontramos um tom interessante para o nosso núcleo. E tem o Luiz Henrique Nogueira, o “Cachorrão”, que faz um trio com a gente formando uma família.

Em comum com Manuzita é o fato de vocês duas terem iniciado a carreira artística ainda na infância…

A arte aconteceu naturalmente na minha vida quando iniciei os testes para TV. Sempre fui muito centrada. Já no caso da Manuzita, a mãe decidiu que ela é uma artista, realmente ela fez muito sucesso na infância. No entanto, é um sonho muito mais da mãe do que dela.

O figurino dos anos 90 era bem colorido. Adotou referências e peças para o seu closet? Como tem sido reviver essa época na ficção?

Estou pegando muitas informações. Dia desses usei uma roupa que se conectava com a época e a personagem. Minha personalidade é bem diferente da Manuzita. Eu nasci em 1994, vivi um pouco dos anos 90, e nos anos 2000 herdamos um pouco dessa época. Com a chegada da tecnologia tudo foi se transformando; o orelhão para o telefone – peguei a fase do primeiro celular. Meu pai ouvia vitrola. Tenho vários discos da Angélica, da Xuxa; elas são referenciais pra essa personagem que vai sofrer importantes transformações. Estou recordando várias coisas gostosas. É interessante relembrar como tudo se transformou tão rapidamente de forma positiva. O público verá muitos programas e novelas da Globo dessa fase: “Tieta”, “Rainha da Sucata”, “Top Model” e outras.

Está gostando de explorar sua veia cômica?

A Cláudia Raia tem um histórico na comédia. Já eu tenho uma trajetória no drama. Essa personagem me tirou da zona de conforto. O Jorge Fernando [diretor] foi o responsável por me introduzir no gênero cômico. Estou mergulhando de cabeça, quero mesmo ser desafiada, explorar este lugar que é novo pra mim e me acrescenta como atriz.

Quais lembranças você guarda da época do “Sítio do Pica pau Amarelo”?

Minha relação com as crianças. A Emília era muito importante para elas, adorava receber esse tipo de carinho.

O que você tem feito para manter a silhueta em dia?

Estou influenciando as pessoas a serem veganas. É uma dieta muito saudável. Não somente por isso sou vegana, mas ajuda bastante minha saúde e meu corpo, consequentemente. Não como nada de derivado animal. Me alimento de grãos e soja (não transgênica), legumes, verduras, frutas. Eu já era vegetariana. E também pratico balé nas horas vagas, corro e faço alongamento.

É verdade que você manda muito bem no fogão?

Cozinho algumas coisas… Faço um ovo mexido com açafrão e gergelim e um empadão de grão de bico que são deliciosos. Gosto de inventar. Leio alguns livros de chefs e vejo alguns programas de culinária.

Como você encara fãs palpitando na sua vida pessoal nas redes sociais?

Eles torcem pela minha felicidade independente de qualquer coisa.

Já se arrependeu de ser tão verdadeira na vida, principalmente com a imprensa?

Não. A gente acaba criando alguns filtros na vida social. É necessário em alguns momentos.

Você é uma pessoa engajada em causas sociais. Quais ações vêm desenvolvendo na atualidade?

Sou defensora da causa animal, acompanho o trabalho que é desenvolvido com eles. Eu sou embaixadora de uma ONG nessa área, principalmente de aves. Esse projeto é como se fosse um polvo com braços para vários trabalhos diferentes. Auxiliamos em comunidades carentes, artísticos, entre outros. Não só em lugares de baixa renda, mas em demais espaços. Sempre gostei de sentar e conversar com pessoas de rua, escutar as histórias e entendê-las. Meu coração é muito social. Me uni à pessoas que tem esse mesmo coração e abrimos a ONG 197 há dois anos. Nunca divulgamos para proteger as pessoas e seus processos. Porém, surgiu a necessidade, pois há muita gente querendo conhecer e ajudar. Queremos engajar as pessoas nessa corrente do bem. Fomos nos estruturando e chamamos profissionais das áreas de direito e do administrativo.

Você passou um período viajando para outros países. Sempre teve essa vontade de conhecer novas culturas?

É sempre bom viajar e praticar o inglês. Foi uma ótima experiência, pois comecei a trabalhar muito cedo no meio artístico. A gente percebe que o mundo é grande e nós bem pequenos, que há uma cultura imensa cheia de pessoas diferentes. Na Itália tive muito contato com a arte. Na época tinha acabado de sair de uma personagem que era uma restauradora, o que me inspirou bastante.

Te incomoda passar despercebida do público nesses lugares?

Adoro. Gosto de passar despercebida sim e observar as pessoas; quando não estão te olhando é mais fácil. É válido observar essas sensações. Gosto de ler, pesquisar. Acho que isso é uma característica do ator.

O que acontecia no mundo quando Isabelle Drummond chegava, em 1994:
– Depois de seis sucessivas trocas de moedas e cortes de zeros, o Brasil ganha a sua nova moeda, o real.
– A África do Sul estava em festa com a posse de Nelson Mandela, primeiro presidente negro da história do país a assumir o poder.
– Morre o piloto Ayrton Senna.
– A seleção brasileira conquistava o Tetra Campeonato.
– No basquete, a dupla Paula e Hortência recebia o título mundial, na Austrália.
– Tom Jobim morre em Nova York.

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