Por Ester Jacopetti
Introdução: Mariana Marçal
Fotos: Fábio Rocha, reprodução Rede Globo
Roobertchay Domingues da Rocha Filho, Chay Suede, não nasceu. Ele, literalmente, estreou! E nossa equipe, como fã de carteirada, vai aproveitar o primeiro parágrafo dessa matéria pra dizer o quanto é uma honra entrevistar Chay, canceriano, talentoso e gato pra caramba, com todo o respeito.
O ator tem cinco irmãos e a escolha do “sobrenome” Suede para seu nome artístico é uma homenagem ao filme Johnny Suede (1991).
Descobrimos que ele adora beber gin com caju, roupas azul marinho e cheiro de gasolina. Cada louco com sua mania, nunca – nunquinha mesmo – havia sonhado com o estrelato. Segundo ele, era um adolescente preguiçoso.
Apesar disso, animava as festas de família com seu violão. A paixão pela música é uma herança dos pais; eles tiveram uma banda e Chay viajou o Brasil com eles.
E se você está até agora de boca aberta com esse nome bem peculiar, acredite: seu pai também se chama Roobertchay e foi o seu avô, que inclusive falava uma língua própria, o criador dessa belezura.
O apelido Chay chegou logo na infância e trouxe sorte. O galã nasceu em Vila Velha, no Espírito Santo e foi um dos seis protagonistas da versão brasileira da novela Rebeldes, produzida em 2011 pela Rede Record.
Antes mesmo disso, em 2010, ele participou do programa Ídolos, da mesma emissora. E segundo Chay, foi seu pai, ele mesmo, o Sr. Roobertchay, que o forçou a se inscrever no reality musical.
Mas, a realidade agora é outra. Chay cresceu, modela para grandes marcas mundiais e será protagonista da nova novela das nove, já que se solidificou como um dos grandes nomes da sua geração de atores. Na trama de Glória Perez, Chay viverá Ari, um arquiteto considerado como um personagem dúbio. Ari terá conflitos com a sua mãe que será vivida pela atriz Drica Moraes e viverá um quarteto amoroso envolvendo os personagens de Lucy Alves, Rômulo Estrela e Jade Picon, em sua estreia em novelas.
Ator, cantor e compositor, é casado com a modelo Neiva Laura com quem tem dois lindos filhos, Maria e José. Ah, esse sim era um grande sonho de garoto que se realizou.
Brilha, Chay! Brilha!
A lista de trabalhos de Chay Suede é extensa!
Em 2014, assinou com a Rede Globo e protagonizou a primeira fase da novela Império, interpretando José Alfredo, papel que na segunda fase foi vivido pelo ator Alexandre Nero. Mas, vale dizer que, até aí, muita água já tinha passado por debaixo dessa ponte. No mesmo ano, fez sua estreia no cinema estrelando ao lado de Paloma Bernardi o filme Lascados interpretando Felipe. Em 2015, foi escalado para outra novela das nove nomeada Babilônia no papel de Rafael, filho de um casal homossexual formado por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg. No mesmo ano, interpretou Fê no longa metragem Jonas. Ainda em 2015, Chay e amigos formaram a banda Aymoréco, com lançamento do primeiro EP em dezembro de 2015. Em 2016, protagonizou ao lado de Bruna Linzmeyer o filme A Frente Fria Que a Chuva Traz no papel de Espeto, interpretando Felipe. Em 2015, foi escalado para outra novela das nove nomeada Babilônia no papel de Rafael, filho de um casal homossexual formado por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg. No mesmo ano, interpretou Fê no longa metragem Jonas. Ainda em 2015, Chay e amigos formaram a banda Aymoréco, com lançamento do primeiro EP em dezembro de 2015. Em 2016, protagonizou ao lado de Bruna Linzmeyer o filme A Frente Fria Que a Chuva Traz no papel de Espeto.
Você passou um período no Maranhão. Mesmo sendo rápida a sua passagem pela cidade, de que forma essa viagem contribuiu para a construção do seu personagem em “Travessia”?
Foi importantíssimo estar no Maranhão em muitos níveis de percepção, principalmente de como a população se expressa; quando pensamos em um glossário maranhes, de uma conexão com a nossa equipe, com o diretor, com os atores, quando viajamos, absorvemos coisas invisíveis, que não estamos pensando em absorver. Então, ter começado pelo Maranhão teve uma importância muito grande, trouxemos um pedacinho dos Lençóis, de São Luiz, de ritmo, de sensação, de onda, foi para além do modo de falar e se comportar.
Estar lá, começar com a equipe integrada, fez muita diferença. Eu percebi quando chegamos no Rio e começamos a gravar no estúdio, como realmente trouxemos histórias e memórias em comum. Eu fiquei muito próximo da Lucy (Alves); nós criamos memórias em comum do Maranhão, como atores. De alguma maneira, conseguimos transformar em memórias de Ari e Brisa (personagens). Foi importante e essencial.
Nas redes sociais todos percebem o quanto você é um paizão; como é interpretar o Ari que é o oposto da sua realidade?
Realmente a relação que o Ari tem com a paternidade é muito diferente da minha, muito mesmo, assim como muitas outras coisas de outros personagens. Quando interpreto um personagem, procuro compreender sem julgamentos. Nós temos que ser a última pessoa a julgar o personagem para deixar que o público faça isso. Apesar de ser uma relação diferente da que eu pratico, da que eu acredito que seja saudável, procuro entender como isso acontece, quais são as motivações, mas sem julgar.
Isso me trouxe muitas reflexões sobre o personagem, o fato dele ser um pai assim ou assado, abre muitas outras portas sobre o Ari que não estão necessariamente ligadas à paternidade e sim a psique dele. Como a cabeça dele funciona, como ele se vê, como ele vê o mundo, como ele vê uma família, como ele vê as prioridades dele. O Ari vai descobrindo tudo isso junto com o público. Ele vai se despindo diante do público, de uma certa maneira, e ele vai se enxergando também; é um personagem que a princípio tem muitas certezas, e boa parte dessas certezas vão desafiando-o, e se mostrando como dúvidas e questionamentos. A paternidade está no meio dessa loucura toda que ele irá viver.
Até que ponto você acha que o personagem será leal à Brisa depois do episódio que irá acontecer na vida dela?
Difícil não dar spoiler. Eu me preparei. Primeiro tivemos um tempo para entender, se preparar dentro dos estúdios Globo, fizemos leituras, o que foi muito importante para que pudéssemos nos conhecer; tivemos contato com o texto sendo praticado em exercício, digamos assim. Mas a ida para o Maranhão foi uma preparação importantíssima para o meu personagem e todos os outros. Nós tivemos contato com uma realidade e um ritmo muito diferente do nosso, e muitas dúvidas foram sanadas no lugar; ficamos amigos das pessoas de lá, passeamos muito, fomos a lugares que não podíamos imaginar, conhecemos o reggae de lá, conhecemos o sabadão em Atins, a Lucy fez um show e tomou o palco todo para ela. Esse contato com as pessoas de lá, com o ritmo, foi um professor, foi essencial.
De que maneira você traça o perfil do Ari?
Eu não acho que ele se pareça comigo, obviamente. As características que eu destacaria nele se encontram em mim, pelo menos eu percebo dessa maneira. Ele vê o que está na frente dele, se apaixona pelo que está vendo; pode ser entendido como volátil, mas pode ser entendido como alguém que se encanta pelas coisas. Quando ele está de olho em algo, é a coisa mais linda do mundo, ele quer que aquilo sobreviva; ele ouve o professor Dante, que é uma pessoa sábia, do mundo, ele quer ouvir e retribuir.
Quando ele está olhando para a Brisa, só existe ela no mundo, mas quando ele não está olhando, não que ela deixe de existir, mas ela existe um pouco menos. Ele tem essa característica de trabalhar com o que os olhos conseguem ver; é quase infantil, uma criança de dois anos que quando o pai está, ele existe; quando não está, não existe.
Depois do sucesso da última novela você está de volta; qual a maior diferença entre o Domenico e o Ari?
São muitas diferenças. “Amor de Mãe” foi muito legal, inclusive o fato de a gente ter parado e voltado (por causa da pandemia), essa volta foi muito especial que eu nunca vou esquecer; mas a diferença entre os personagens é total. Eles têm uma semelhança muito grande que é a relação de co-dependência com as mães; isso se mantém nos dois personagens, apesar de ser diferente também.
O Domenico passou a vida toda com a mãe, que era a Telma, interpretada pela Adriana Esteves, e ele precisava da aprovação dela o tempo todo. O Ari acha que não precisa da aprovação da mãe, e aos poucos ele vai descobrindo que, no final das contas, ele sempre buscou a aprovação dela. Ele tem um entendimento diferente sobre como atingir os objetivos e as ideias da mãe, do que o Domenico tinha, porque ele era mais subserviente à mãe, um pouco mais castrado pela mãe; já o Ari acha que não é, mas em algum momento ele descobre que é sim.
Eu vejo essa semelhança nos dois personagens. O Ari vai mais pra vida do que o Domenico, que era mais retraído, menos autoestima; o Ari tem bastante autoestima, ele acha que vai ser bem-vindo onde for, que pode entrar nos lugares, sair, conhecer gente nova, não se envergonha de quem ele é, não quer se esconder, não pede desculpas, licença; essas são as diferenças essenciais.