Gilberto Gil (79), cantor, compositor e ex-ministro da Cultura, foi eleito para a 20ª cadeira da Academia Brasileira de Letras na quinta-feira (11). Ele passa a ocupar o lugar após a morte de Murilo Melo Filho, advogado, escritor e jornalista, em maio do ano passado. O artista concorreu com os escritores Ricardo Daunt e Salgado Maranhão.
Gil é agora o segundo negro imortalizado pela atual ABL, ao lado de Domício Proença Filho.
O artista é natural de Ituaçu, interior da Bahia. Lá, ele fazia apresentações em escolas e clubes, compôs jingles e escreveu músicas.
Em 1965, ele se formou em administração pela Universidade Federal da Bahia, e chegou a ser trainee em uma empresa multinacional. O futuro, porém, lhe guardava outros planos.
À época, ele já era amigo da nata cultural brasileira: Caetano Veloso, Chico Buarque, Vinicius de Moras, Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina. Ainda na década de 60, ele abanou a carreira de administrador pela carreira musical ao lançar Procissão, seu primeiro single.
E o resto é história: Gil deixou sua marca na música popular brasileira. Ele foi um dos fundadores do movimento tropicalista, se tornou símbolo de resistência à ditadura militar, exilou-se do Brasil, ganhou o Grammy e o Grammy Latino.
Hoje, ele soma mais de 50 CDs lançados – álbuns de estúdio, discos gravados ao vivo e coletâneas. Alguns dos grandes clássicos da MPB são seus: Tropicália, Refazenda, Refavela e Realce. Seu mais recente trabalho é OK OK OK, lançado em 2018.
Além dos palcos, Gil também gravou seu nome na política brasileira: foi vereador de Salvador pelo PMDB entre 1989 e 1992, e Ministro da Cultura no governo Lula, entre 2003 e 2008, pelo PV. Em 1999, a Unesco o elegeu Artista pela Paz. Com a ONU, foi embaixador da agricultura e alimentação. Ele é voz politicamente ativa em suas redes sociais até hoje.