Conversamos com um time de educadores da região para entender, assimilar e refletir sobre este novo modelo de ensinar e aprender
Uma das vertentes que pauta a educação nas escolas é a rotina. Horário para entrar, sair, lanchar, fazer lição, brincar, conversar com os amigos e ficar no celular. Com a pandemia e o estabelecimento da quarentena há mais de três meses, uma das primeiras coisas que perdemos foi a rotina. Não só as crianças, mas a família inteira.
Em meio a tudo isso, o MEC homologou um documento que diz que as escolas devem cumprir a carga horário referente ao ano de 2020, mas não os dias letivos. E aí, cada escola se organizou à sua maneira. Feitos os devidos ajustes, pais, professores e estudantes encontraram um novo jeito de estudar.
Professores viraram Youtubers, pais viraram professores e estudantes tiveram que amadurecer e assimilar uma realidade que nem em filmes ou jogos de vídeo game haviam visto. A pandemia trouxe isso pra gente. Um jeito novo de fazer as coisas.
Na educação não é diferente. O modelo, obviamente, passará por muitas mudanças e ainda gera muitos questionamentos. O aprendizado fica comprometido? Quanto tempo ficar na frente do computador? Qual o papel da família? E o professor, pode ser acionado via Whatsapp? Quem vai prestar vestibular, fica como? E Enem, vai ter? Crianças da Educação Infantil devem obedecer a mesma carga horária?
Ou seja, são MUITOS questionamentos. E há muitos outros.
Por isso, conversamos com um time de especialistas em educação das escolas da região para entender um pouco sobre esta nova realidade, os desafios que ela impõe e as conquistas que já tivemos.
Adaptação
Como estamos falando de um momento coletivo, todo mundo precisou se adaptar. Primeiramente em suas casas, as tecnologias disponíveis, os recursos, o cantinho de trabalhar e estudar. Em seguida, cada instituição precisou traçar um plano. As aulas no estado de São Paulo foram suspensas oficialmente em março. Neste momento, algumas escolas deram férias antecipadas e outras, que já trabalhavam em plataformas digitais, começaram a arriscar e testar como seria. Veja alguns exemplos:
“Nas unidades Anglo Leonardo da Vinci, Inicialmente disponibilizamos em nossas plataformas aulas gravadas pelos professores que eram postadas de acordo com um calendário previamente definido. E além disso, os professores solicitavam aos alunos uma série de atividades e roteiros de tarefas. Num segundo momento, migramos para as aulas online, mas mantendo o aluno atrelado a um conjunto de atividades para o professor verificar”.
Prof. Wagner Venceslau Dias, Coordenador do Ensino Médio do Anglo Leonardo da Vinci
“A equipe pedagógica da Escola Bosque das Letras elaborou o: “Guia de aprendizagem remota – período de isolamento social – COVID-19”, que foi enviado às famílias como orientação à continuidade das atividades pedagógicas durante o período de quarentena utilizando-se de ferramentas tecnológicas. Considerando a adaptação curricular para o meio digital, a escola propôs quadros de organização da rotina de acordo com cada faixa etária e, diariamente, cada família recebe propostas de atividades em que a criança é protagonista das ações e a família atua como mediadora do conhecimento. Uma vez por semana, as crianças têm encontros síncronos de 30 minutos com os amigos da turma e educadores. Para a equipe da Escola Bosque das Letras, o essencial neste período tão delicado para todos, é manter o vínculo com as crianças, pois, apesar do distanciamento social, é necessário manter uma proximidade relacional”.
Juliana S. Conte, Diretora do Bosque das Letras
“Com 140 unidades pelo país, a rede Maple Bear já vinha trabalhando em um projeto de comunidade online bilíngue que agrega conteúdo, atividades e orientações. A iniciativa é voltada a alunos dos ensinos infantil, fundamental e médio e inclui ferramentas digitais de interação, conteúdos exclusivos, atividades educacionais e orientações para pais e professores. Chamada Digital Learning Community, é baseada em três pilares: rotinas diárias (orientadas pelo professor para realização pelas famílias em casa), materiais do educador para planejamento das atividades e orientações e ferramentas para a comunicação diária entre escola e famílias, para o gerenciamento do aprendizado. No ensino infantil o aprendizado é construído por meio de brincadeiras e incentivos variados. São disponibilizados ainda leituras interativas exclusivas da Maple Bear e e-books de acordo com a faixa etária.
Tamara Irabi, Diretora Executiva da Maple Bear Granja Viana
A troca com as famílias
O acompanhamento à rotina de estudos requer uma supervisão ainda mais de perto por parte das famílias. Como garantir que a criança está, de fato, estudando? E como acolher e ajudar essas famílias, que estão, muitas vezes em home office também, com o desafio de mostrar resultados e o medo do que está por vir? Nossos especialistas comentam:
“É um esforço grande de todos nós, para não deixarmos a “Peteca cair”. Não perder o estímulo, a vontade de continuarmos. Valorizar o aprendizado e as conquistas que mesmo assim, com limitações, conseguimos ter”.
Felipe Ávila, professor de música
“Aos poucos todos foram se familiarizando com o novo contexto, principalmente com as ferramentas tecnológicas, trazendo assim, um pouco mais de tranquilidade a todos. As famílias tem se mostrado bastante parceiras o que, sem dúvida nenhuma, é essencial para que o dia-a-dia dos nossos jovens e crianças ocorra com tranquilidade. Esse é o momento de união onde a troca, a cooperação e a resiliência entre a escola e as famílias são essenciais”.
Cristiane Hager, coordenadora pedagógica do Colégio Via Sapiens
“As famílias foram impactadas, também, com as mudanças em suas rotinas. Funções, atividades, tarefas, filhos em aulas online, saúde mental e emocional de todos etc. Como proceder? Qual o papel da família e da escola neste novo cenário? Nesse sentido, procuramos fortalecer o relacionamento com a família a partir de comunicação constante. Por meio do aplicativo Institucional ClipEscola, informamos sobre as tomadas de decisão e as mudanças necessárias de rota durante esse período de isolamento social; encontros com a Direção, com o objetivo de explicitar o cenário escolar, mas, ao mesmo tempo, ter uma escuta sensível em relação aos desafios enfrentados pelas famílias; encontros sobre Alfabetização em tempo remoto para pais de alunos de 1º ano com o objetivo de esclarecer o processo de Alfabetização (outra angústia trazida por eles). Além disso, acolhimento especial para os pais em linha de frente da pandemia e atendimento específico para tratar de demandas financeiras”.
Sueli Marciale, Diretora assistente da Unidade Granja Vianna, do Colégio Rio Branco.
Desafios
É mais simples explicar a um adolescente o período que estamos vivendo do que para uma criança pequena, que do dia pra noite, tem os pais em casa – mas super atarefados -, não tem mais os amigos da escola, não tem mais rotina e nem descer no parquinho do condomínio pode mais. Certamente, os desafios são inúmeros, mas para as famílias que têm filhos pequenos, eles são ainda mais intensos.
“Minha escola é berçário e educação infantil; não se aplica bem num modelo educacional onde tem necessidades de aprendizagem mais importantes, como no caso do ensino fundamental e médio. Estamos fazendo encontros online 3x na semana para cantar, brincar, contar histórias e outros, sem aquela obrigação de passar atividades, pois eles são muito pequenos e não se concentram, então, preferimos ensinar de forma lúdica, onde todos participam juntos. As atividades escritas enviamos aos pais como atividade de casa. Tentamos combinar com os pais um melhor horário para os encontros, pois como os pais têm que estar juntos, e a maioria está em home office, nos adaptamos nos horário para não atrapalhar”.
Elka Sofia Justino, Diretora e mantenedora do Espaço Bebê Kids
“Sabemos o quanto é difícil para os pais passarem atividade para crianças de 1 a 5 anos, devido à concentração e, principalmente, porque nessa faixa etária as crianças aprendem pela experiência e não como aprendíamos antigamente, ou seja, por repetição”.
Carla Arantes Sartorelli – Mantenedora/ Coordenadora da escola Arte Viva
“ Para todos da escola, o maior desafio da situação atual, sem dúvida, é manter a distância de nossos pequenos, entender se eles de fato estão compreendendo e interiorizando tudo que propomos em cada atividade, já que para nós, todos os momentos são de aprendizados”.
Cris Martinelli, Coordenadora Pedagógica da escola Ser e Crescer
Próximos Passos
Mesmo com muitos desafios e aprendizados, uma coisa é fato. O modelo online funciona. Milhares de estudantes no Brasil e no mundo estão comprovando isso. Sendo assim, como fica o futuro? As aulas online serão uma realidade daqui pra frente? Diminuirão os dias letivos? Haverá escolas com modelos híbridos de aulas? Perguntamos isso aos nossos especialistas também!
“As lições ficarão para sempre, como dizia Albert Einstein: Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original. O modelo online não responde a todas as necessidades de um modelo presencial, principalmente na escolarização dos níveis mais básicos. Porém, as ferramentas digitais permitem uma grande gama de possibilidades que não eram exploradas. Rompeu-se um dique e passada a turbulência, teremos um grande momento para trabalharmos essas ferramentas em um cenário mais adequado. A individualidade de análise de cada cenário será vital para essa tomada de decisão. As ferramentas de ensino a distância serão um grande recurso para potencializar o ensino presencial”.
Thiago Ribas Araújo, gestor de planejamento estratégico da Escola Doce Geração
“Acredito que esse modelo deixará o legado das novas ferramentas e algumas linguagens. Muito difícil pensar em um retorno como se nada tivesse mudado… Nesses últimos meses nossos alunos se dedicaram a aprender de novas formas e com novas ferramentas, não podemos simplesmente deixar esse conhecimento cair no esquecimento… É necessário, entretanto, haver um equilíbrio para a fusão dos modelos, de forma sempre a beneficiar o que mais importa: a educação, aquisição de conteúdos e amadurecimento dos nossos alunos”.
Denis Franceschinelli, coordenador pedagógico do Colégio Samarah
“Acredito seriamente que este modelo não deve ser abandonado totalmente após o final da quarentena. As ferramentas tecnológicas só podem auxiliar – nunca atrapalhar – o trabalho pedagógico. Entretanto, tão importante quanto a construção sólida de conteúdo é a socialização da criança e a construção do caráter. E isso só acontece quando existe inter-relação entre os pares. Não acho possível a extinção da escola física, enquanto espaço de vivência em grupo. Especialmente na infância.
Outro aspecto é que o aluno teve que passar de espectador a protagonista, a realizador principal. Essa mudança na chave de leitura do mundo fará toda a diferença na visão desses jovens com relação ao seu papel na sociedade”.
Ligia Sanchez, Diretora do Colégio Santa Tereza
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