Nenhuma a menos

Impactada. Absurdada. Triste. Assustada. Irritada. Raivosa. Pouco atuante.

Estados emocionais acumulados e se atropelando todos em um mesmo instante, me deixando exaurida, congelada, pensativa e em busca de caminhos que possam, de alguma forma, provocar mudanças positivas nesses seres que causam tanto sofrimento físico e também emocional em tantas pessoas.

Mulheres sofrendo, sendo rebaixadas, diminuídas, violentadas, ceifadas de direitos que deveriam ser posse de qualquer ser humano; mulheres sendo mortas e tendo seus direitos ceifados até mortas.

O caso do anestesista Giovanni Quintella, que foi flagrado em um ato de estupro contra uma mulher que vivia um dos momentos que deveria ser altamente respeitado, de ¨mágica emoção¨, momento de força e, ao mesmo tempo, vulnerabilidade, trouxe a provável pontinha de um iceberg que ameaça a dignidade humana.

Ainda mais quando a mulher está totalmente entregue nas mãos do profissional que deveria estar zelando pela saúde, segurança e alegria daquele momento. O sofrimento é em cadeia, a agressão direcionada à uma mulher arrasta outras mulheres, seus filhos, pais, familia, vizinhos, amigos, enfim, todos que se sensibilizam com o ato; mesmo não tendo ferramentas ou a atitude de mover-se pra combater e impedir através de denuncia.

Denunciar é fundamental

O Brasil ocupa, hoje, vergonhosamente, o quinto lugar em mortes de mulheres. Muitas mulheres não denunciam e permanecem em lugar de perigo constante, muitas vezes, por medo, vergonha, dependência financeira, auto-estima rebaixada, insegurança e falta de informação.

Ouvimos, repetidas vezes, questionamentos sobre a falta de atitude dessas mulheres, o porque ela se manter nesta posição, enquanto, nao é comum indagarmos o porquê o agressor continua repetindo a violência.

Uma informação importante é que existe um Grupo de Reflexão que trabalha com o agressor, ao qual ele pode ser encaminhado legalmente, porém, hoje, existe somente 330 unidades no Brasil. Há, ainda, registros oficiais que comprovam a eficácia do trabalho desse grupo.

Vocês sabiam que, a partir de julho de 2021, a violência psicológica se tornou crime? E, também, que existe um formulário de perguntas que ajuda profissionais a identificarem os riscos de violência? Sim, existe e se chama Formulário De Avaliação De Riscos.

O empoderamento feminino não é modinha¨, como ouvi outro dia; é sim a ação de tornar-se poderoso em torno da própria vida, ter o dominio da própria vida, tornar consciente e livre o poder de estar vivo, atuante e em segurança.

Somos filhos de um Brasil que nasceu pela violência da colonização, da exploração humana e de um mundo que já se divertiu assistindo leões devorarem pessoas no Coliseu. 

Vamos falar, repensar e discutir até quando for necessário!

Fotos: Lucilene Germano

Serviço

Psicóloga Patricia Aragão Morello
Contato: (11) 9906.4863
Atende na Clínica Doutores da Granja

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