Monja Coen Roshi: Espiritualidade e autoconhecimento em tempos de redes sociais

Por Daniella Fernandes

Toda vestida de branco, chinelo de dedos e celular nas mãos. Foi assim que a Monja Coen Roshi chegou ao evento Youpix Summit, realizado em setembro em São Paulo. O encontro reuniu profissionais de marketing, influenciadores digitais, pesquisadores e celebridades para tratar temas pertinentes à essa indústria da influência digital sob a ótica da saúde mental. A grande pergunta era: como manter e preservar a saúde mental em tempos de rede social?

Ao subir ao palco para sua fala, a Monja sorri e espera a plateia se acalmar. Quando o silêncio se instala no salão, com mais de 300 pessoas, sua voz doce e firme começa a falar sobre a inquietude da nossa mente e todas as oscilações que temos. “Nós somos a oscilação, o tempo todo. Vemos nos filmes que as máquinas que medem nosso coração só param de oscilar quando morremos, aí então a linha fica reta”.

E propõe uma prática de meditação, cinco minutos, para se conectar. Reforça a importância da meditação, de permitir-se este momento a sós, de respirar conscientemente e estar presente, você, com você mesmo. Aos poucos os participantes foram fechando os olhos e se deixaram levar por aquela voz que os guiava pra dentro deles mesmos.

Após a prática, já em outra sala, a Monja conversou com exclusividade com a equipe da Revista TUdo, e nos contou qual o caminho para nos mantermos equilibrados nos dias de hoje.

Caso você ainda não saiba, a Monja Coen é, de batismo, Cláudia Dias Baptista de Souza, nascida no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo, no ano de 1947. Foi jornalista e trabalhou no Jornal da Tarde. Na década de 1970 foi morar em Los Angeles, na Califórnia, e trabalhou como funcionária do Banco do Brasil naquela cidade. Nessa época iniciou práticas regulares de zazen no Zen Center of Los Angeles, a mesma prática meditativa do Beatle George Harrisson, de quem era fã.

Tornou-se residente da comunidade de Los Angeles e fez os votos monásticos em 14 de janeiro de 1983. Adotou o nome Coen (que significa “um só círculo”) e viajou para o Japão para se aprimorar na filosofia. Voltou para o Brasil em 1995,  e se casou com o monge japonês Shozan Murayama.

Foi eleita presidenta da Federação das Seitas Budistas do Brasil — pela primeira vez uma monja de origem não japonesa ocupou tal posição. Divorciou-se em 2001 e neste mesmo ano fundou a comunidade Zendo Brasil, que hoje tem sua sede próxima ao estádio do Pacaembu.

Nessa época também foram iniciadas caminhadas meditativas em parques públicos, com o intuito de levar o Zazen e o Kinhin (meditação caminhando) à população paulistana.

Aos poucos foram surgindo convites para palestras em empresas, meditações em grupo, até que surgiu o convite de gravar uma palestra e colocar no Youtube, pela Mova. Daí, o salto para a “fama” na internet foi imediato. O vídeo “Ponto de Virada”, que aborda como lidar com as perdas da vida, assim que foi lançado viralizou e em pouquíssimo tempo somava milhares de acessos. Hoje, já ultrapassa os 3 milhões de visualizações. E a partir daí, a história e o propósito da Monja só se fortaleceram!

Revista TUdo: Em que momento você se deu conta de que estava famosa?

Monja Coen: Desde que eu voltei do Japão para o Brasil já havia um certo estranhamento quando eu andava na rua, por ser careca e andar com roupas que não são as usuais de todas as pessoas. Ou seja, minha aparência monástica já chamava a atenção. Agora quando o canal Mova resolveu me colocar no Youtube e começou a gravar minhas palestras, foi que realmente bombou. Em pouquíssimo tempo já haviam inúmeros seguidores e inúmeros compartilhamentos. Foi aí que a gente percebeu que as pessoas estão atrás de saúde mental. E que essa é a principal busca no Youtube e no Google. A questão do autoconhecimento, da depressão, da ansiedade, de como viver melhor e com mais qualidade tem sido uma das maiores procuras de nós humanos. E o que eu tenho a oferecer, que é a prática da meditação e o autoconhecimento, vai ao encontro dessa procura. Ou seja, acabei ficando conhecida por isso.

RT: E como é essa relação com as pessoas que te reconhecem?

MC: Normalmente em forma de gratidão. As pessoas vêm me agradecer e dizer que a meditação mudou suas vidas. Que iam se matar e desistiram. Teve até um senhor que me procurou pra agradecer e disse que ia matar uma pessoa e não matou. Para mim isso e muito reconfortante. Saber que algo que eu venho ensinando há mais de 20 anos ganhou maior visibilidade. Ou seja, acho que é muito importante que os meios de comunicação e a inteligência artificial tornem visível algo que já estava acontecendo, mas que era limitado a um grupo menor de pessoas.

RT: E essa visibilidade é justamente por conta da procura das pessoas.

MC: Exatamente. Hoje em dia não consigo fazer palestras em lugares menores. Não atendo mais. Os livros que escrevi estão vendendo muito bem. E essa procura também me rendeu parcerias com grandes professores, como Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella, Clóves de Barro Filho. E tem uma outra questão. Eu fui jornalista. Acredito muito na imprensa, na mídia em geral. Acho importante divulgar o que estamos fazendo. E assim eu tenho sido muito chamada. Fui na Ana Maria Braga, no Danilo Gentilli, no Jô Soares, na Fátima Bernardes. Então eu percebo que existe uma necessidade humana por esse autoconhecimento e eu consigo oferecer isso através da prática do Zen.

RT: E você acredita que por conta dessa urgência, as pessoas têm, cada vez mais, buscado gurus?

MC: Olha, uma coisa que eu tenho feito desde que voltei para o Brasil é dizer: não existe guru aqui, eu não sou a mestra das mestras. Eu sou um ser humano que pertenço a uma tradição espiritual e o que eu tenho a transmitir é esta tradição. Não sou eu o personagem principal. Minha prática é sempre dizer às pessoas: procure em você, você é o seu mestre. Que é a palavra de Buda. Buda, antes de morrer disse aos seus discípulos: “Façam do Dharma, dos ensinamentos, o seu mestre. E eu vivo pra sempre”. Ou seja, o ensinamento está vivo e está aí. Basta ouvir, ler e colocar em prática. Você conhece você mesmo, sua própria mente, e assim a utiliza da melhor maneira.

RT: E como isso funciona na prática?

MC: É sempre perguntar: como eu uso a minha mente a meu favor? Uma pessoa que se reconhece ansiosa, por exemplo, deve sempre se perguntar como usar aquela ansiedade. Então o autoconhecimento é essencial. Não somos iguais. Cada um de nós é único. Então é sempre se perguntar: como eu faço o melhor desta situação? Então eu não posso depender do outro para estar bem. É como o amor. Eu não dependo de uma pessoa para amar. Amar é uma capacidade de cada ser humano, que agora é direcionada a uma pessoa e depois pode ser direcionada a outra. Ou seja, a chave está em cada um. Eu procuro transmitir essa leveza para as pessoas. A dor existe, o sofrimento é extra.

RT: Hoje aqui no evento está se falando muito sobre saúde mental e como manter esse equilíbrio entre o real e o virtual, entre o que se é e o que se parece. Como fazer isso?

MC: Eu acho muito interessante tudo isso. Nós temos em nós esses personagens múltiplos e como é que eu os revelo? Eu acho que a rede social, nesse aspecto, tem sido muito criticada, mas a meu ver tem um aspecto muito positivo. Nós podemos libertar os muitos personagens em nós, o que é bonito e feito. A caixa de Pandora se abriu e eu tô libertando tudo. Este é o primeiro momento. O segundo momento é um de reflexão mais profunda, que é o que estamos entrando agora, e ele diz: qual o sentido disso? Nós vemos Youtubers riquíssimos, que têm milhões de seguidores e pessoas querendo ser como eles. Porém com um vazio imenso. Ou seja, é o caminho inverso. Trata-se de contentar-se com a própria existência, de ter prazer na vida. Cada um sendo quem é, se desenvolvendo na sua própria área, pode encontrar um grande grau de felicidade e contentamento. E como tudo na vida, tem começo meio e fim. Chega uma hora que cansa e aí é preciso ressignificar a vida. E a nossa vida é um ressignificar constante. Não somos os mesmos, mudamos. É neste momento que você deve perguntar-se: qual o meu próximo objetivo? O que vai dar sentido à minha vida daqui pra frente?

RT: Você é muito conectada, né? O que consome na internet? O que te faz parar para assistir?

MC: Eu tenho uma curiosidade múltipla, ela não fica em um só aspecto. Mas as pessoas me mandam muitas coisas de autoajuda e autoconhecimento. Na verdade, eu gosto de alguns personagens – Leandro Carnal, Mário Sergio Cortella, Clóves de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé – pessoas que eu gosto de ouvir, que me ensinam. Eu nunca tive conhecimento da filosofia ocidental. Eu conheço a filosofia oriental. Eu gosto de tudo isso que instiga a mente. Eu acho que a nossa mente precisa ser alimentada e nós temos que escolher os alimentos, assim como escolhemos os alimentos para o corpo físico.

Neste mês de outubro a Monja lança um podcast, pela plataforma Storytel, recém chegada ao Brasil. Ela contou que é uma nova ferramenta, um novo desafio para cumprir o seu propósito. Ela conta que é uma conversa, um bate papo e uma instrução para a meditação. E mesmo que as pessoas ouçam no carro ou fazendo atividade física, a proposta é instigá-las ao silêncio, que elas queiram aquele momento com elas mesmas, ainda que seja apenas por 5 minutos.

Para baixar o Storytel e ouvir os podcasts da Monja Coen, acesse nosso APPTUDO e adquira seu cupom de desconto.

“Nós somos a oscilação, o tempo todo. Vemos nos filmes que as máquinas que medem nosso coração só param de oscilar quando morremos, aí então a linha fica reta”.

A dor existe, o sofrimento é extra.

Basta ouvir, ler e colocar em prática. Você conhece você mesmo, sua própria mente, e assim a utiliza da melhor maneira.

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